LEIAM MEUS LIVROS

"Crenças e Desavenças" - Editora Baraúna
"Qual será o Sabor da crônica?" - Editora Baraúna
Cada título contém 40 crônicas e pequenos contos de pura alegria com o mesmo número de receitas "que dão certo". Pedidos através:
www.editorabarauna.com.br - www.livrariacultura.com.br - jbgregor@uol.com.br

domingo, 29 de agosto de 2010

EASY RIDER - PARTE II (CURITIBA)

 Dando sequência a nossa aventura "On the Road By Fusca", paramos no Parque Estadual de Vila Velha que fica a 80 Km distante da capital do Paraná. A atração do parque são os blocos de arenitos alí existentes há mais de 300 milhões de anos e esculpidos, ao longo dos séculos, pela ação da água e dos ventos. As "esculturas" de arenito avermelhado são maravilhosas e tomam as mais diversas formas; essa da foto é a famosa "Taça de Vila Velha". Foi na lanchonete do parque que conheci uma paulistinha linda, chamada Celeste que viajava acompanhada de sua mãe e da irmã mais nova.
 Por entre as trilhas e cavernas, demos alguns "amassos" (gíria da época) e ofereci meus préstimos como motorista até Curitiba, já que a pobrezinha aparentava cansaço. Meus amigos ficaram de nos esperar na entrada de Curitiba: "Naquela entrada cheia de hortências", instruiu-me o Valter. Mas o que ele não disse foi que a cidade é rodeada dessas flores e ficamos procurando-os até o anoitecer. Como elas tinham que seguir viagem para São Paulo, deixaram-me no centro, preocupadas comigo e para acalmá-las, menti que sabia onde era o hotel em que ficaríamos hospedados, podendo chegar até lá de táxi.
 Lá fiquei eu, sem lenço nem documento, sentado num banco de ferro da famosa Avenida das Flores e entregue à Providência Divina. O quê fazer?! Não sabia o nome do hotel e naqueles bons tempos não existia essa "praga necessária" chamada de celular. Àquela hora, o calçadão estava lotado de turistas que entravam e saiam das lojas e bancas.   Apesar de minha aflição, pude notar,  dentre um bando de turistas idosas,  uma pessoa semi-agachada que levantava algumas sacolas do chão.
"Meu Deus, parece-me que eu já ví aquela bunda!", pensei. Quando aprumou-se, tive a certeza:  "É a bunda do Caruzzo."
  Ele, solteirão aposentado, promovia excursões com a turma da "Velha Guarda" de minha cidade. A caminho de seu hotel, arfante pelo peso das sacolas e de seu enorme traseiro, ele me dizia: "A mais velha das coroas está aniversariando; se você quiser, poderá participar da festinha e tentar descobrir, ainda hoje, o paradeiro do seus amigos, pois amanhã cedinho partiremos para Foz do Iguaçu." 
Após alguns telefonemas às recepções dos hotéis do centro, consegui localizar meus colegas que chegaram putos da vida comigo mas logo relaxaram e entraram na festa.
 Ficamos quatro ou cinco dias em Curitiba, onde engordei uns dois quilos de tanto degustar as massas nos restaurantes de "Santa Felicidade", um bairro de imigrantes que preserva muito da cultura dos italianos vindos, principalmente das regiões de Vêneto e Trento, no norte da Itália. E para relembrar aqueles dias de fartura, vou apresentar uma receita muito fácil, de sabor marcante 
 CONCIGLIONI AO MOLHO ESCURO:1 kg de maminha ou lagarto; 1 cerveja Caracu (cerveja preta); 1 lata de molho de tomate(tipo pomarola); a mesma lata com água; 1 pacote de "sopa de cebola" e 1 caixa pequena de polpa de tomate (tipo pomodoro). Refogue a cerveja, a água, o molho de tomate, e a "sopa de cebola". Acrescente a peça de carne inteira, a polpa de tomate e deixe na pressão por cerca de 40 minutos. Quando estiver macia, retire a carne (que é servida à parte) e deixe o molho apurar mais um pouco. Na hora de servir, despeje o molho sobre o conciglioni (aquele macarrão que parece um caramujo) pré cozido em bastante água e sal. Espalhe queijo parmezão ralado por cima.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

EASY RIDER - PARTE I (FOZ DO IGUAÇU)

Em janeiro de 1975, eu e mais dois grandes amigos, Valter e Tininho,  resolvemos fazer uma viagem “easy rider” (sem destino) no fuscão novinho do Valter. Vendemos umas porcariadas que tínhamos e conseguimos juntar uma boa grana,  que ficou aos cuidados do Vagner, o mais responsável do trio.






 Era uma sexta-feira à tarde quando saímos de São João, com a intenção de chegarmos a Foz do Iguaçu pela manhã mas, dormimos em Cascavel, na única pensão decente que encontramos, onde o Tininho conheceu e encantou-se com a dona da pensão. No dia seguinte anunciou que não seguiria viagem: “Fico esperando por vocês, na volta!” 


Nada o demoveu da idéia e seguimos viagem. Hospedamos-nos no hotel Monalisa, muito chic, e situado próximo às cataratas.
Dois dias depois, nosso amigo juntou-se a nós, meio jururu pois que a mulher desencantou-se rapidamente de seus dotes, despachando-o, via rodoviária, para Foz.. 

Ficamos por ali durante uma semana, como gente rica e aconteceu de conhecermos três hóspedes argentinas; morenas vistosas e dadivosas: Viviana, Mônica e Sara Cláudia. Logo rolou romance entre nós, menos com o coitado do Tininho. 
 Escolheu a Sara Cláudia que o apelidou de tomatito putrefato (ele era gordinho e vermelho) e só queria sua companhia para jogar baralho, a dinheiro: “Ahora vamos a juegar veinte e uno, o entonces, casita robada (rouba monte)” _ determinava ela. Ou então: “Ola, tomatito mio, esta noche quiero irme al casino de Ipacaray a girar la roleta!”. 


E o Tininho acompanhava, pagando-lhe todas as jogadas e as taças de Gancia,   uma bebida fortíssima e horrível, que ela tomava como se fosse água.
No sábado, pela madrugada, deixamos o hotel, rumo à Curitiba mas, na saída, encontramos as três castellanas esperando-nos com as mochilas prontas para seguirem conosco. 


Queriam conhecer um pouco do Brasil, diziam elas. “Puedem llevarnos hasta Curitiba, después quedaremonos allá, por favor!” 

 Não sei o que deu em nossa cabeça mas enfiamos as três mulheres no carro e partimos. Não andamos nem cinco quilômetros quando ouvimos a sirene da polícia atrás de nós. Pudemos perceber que junto com o policial vinha o japonês, gerente do hotel, acenando para que parássemos. 

 Fomos todos para a delegacia e lá soubemos que as três eram aventureiras, deixadas no hotel pelos amantes que fugiram sem pagar a conta. Elas estavam detidas no hotel há quase um mês, juntando algum dinheiro, em programas, para pagarem o japonês.
Desfeito o rolo, seguimos viagem rumo à Curitiba, entre assustados e divertidos. O resto das aventuras, conto depois e como o "causo" de hoje foi meio picante, vou acrescentar uma receita de um  tempero, também picante, utilizado para temperar carnes grelhadas ou o famoso bife de chorizo argentino.

 CHIMICHURRI : 6 dentes de alho picados; 1 colher (sopa) de salsinha picada; 1 colher (sopa) de tomilho; 1 colher (sopa) de orégano; 1 colher (sopa) de manjericão; 1 colher (café) de pimenta calabresa seca ou páprica picante; 1/2 colher (café) de pimenta-do-reino moída; 1/2 colher (café) de estragão; 1 colher (café) de colorau e 1 colher (chá) de sal grosso triturado.
Misture todos os ingredintes, podendo ser consumido seco ou hidratado (1 colher de azeite de oliva, 1 colher de água e 1 colher de vinagre tinto). Deixar descansar por algumas horas e esfregar sobre a carne antes, durante ou depois de grelhada.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

"QUAL SERÁ O SABOR DA CRÔNICA?" BIENAL DO LIVRO DE SÃO PAULO



Pessoal, foi um grande sucesso o lançamento de meu 2º livro "Qual Será o Sabor da Crônica?" na 21ª Bienal do Livro, em São Paulo. Tive a alegria de encontrar parentes e velhos amigos que não via há muitos anos.
|                                               Não obstante o frio cortante da noite paulistana,
O "prosecco" estava geladíssimo

Foi uma noite de festa e muita alegria.
Agradeço, de coração, aos que lá estiveram...




Caso queiram adquirir algum de meus livros, autografado e com dedicatória, basta escrever para jbgregor@uol.com.br que eu darei as coordenadas. Preço de cada título: R$30,00 (inclusas as despesas com o Correio, para qualquer lugar do País),


TÍTULOS À VENDA, TAMBÉM, NA LIVRARIA CULTURA, PAPYRUS, GRAFITTE E SITES DA ED.BARAÚNA E GATO SABIDO.
Forte abraço.
JOÃO

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A DRA. VIRGÍNIA


O grande trauma da vida de Virgínia foi o de não poder usar papel higiênico durante toda a infância. O pai achava que era supérfluo e a família toda tinha que usar papel de embrulhar pão ou jornal, os quais ficavam pendur ando em um fino arame ao lado do vaso sanitátio. Contou-me ela que saia do banheiro com a bunda manchada de tinta preta dos jornais vagabundos e como ela era bundudinha, às vezes com o decalque de manchetes inteiras dos jornais.

Cresceu, ficou moça e bonita... Passou num concurso federal e fez carreira como fiscal do governo, com ótima remuneração. Nunca se casou, aposentou-se relativamente jovem e sempre morou sozinha. Viajou e namorou muito, sabendo aproveitar os prazeres da vida. Seu apartamento era um primor em matéria de conforto e decoração e talvez, como reflexo de seu trauma de infância, comprava pacotes e mais pacotes de papel higiênico, todos coloridos e perfumados.

Se as toalhas de rosto e de banho eram azuis, o papel higiênico também era azulzinho; se salmão, o papel era cor de pêssego, ou verdinho, ou rosinha e assim por diante. Ela gostava de comer bem e frequentava todos os restaurantes da cidade variando, assim, os tipos de comidas e temperos. Ocorreu que, sem mais nem menos, ela começou a sen tir pruridos anais, ou seja, coceiras no "fiofó". Ficou exasperada, a ponto de passar a visitar todas as cozinhas dos restaurantes para especular sobre os temperos que os cozinheiros usavam, pois achava que alí estaria a origem de seus problemas. Reparou também que quando ia à Sao Paulo ou à Campinas, na casa de seus irmãos, as coceiras sumiam.

Num final de semana recebeu a visita de uma amiga e ambas foram almoçar em um restaurante de comida mineira, cuja especialidade era diferentes pratos suínos. À noite, sua amiga reclamou de coceiras no "fiofó" dela também e Virgínia deduziu: "Só pode ser a carne de porco". Noutro dia, foram jantar num restaurante macrobióticos mas, que nada! Na segunda-feira, ambas estavam esfoladas de tanto se coçarem.

Seu irm ão de São Paulo, clínico geral, receitou-lhe remédios para tudo quanto era protozoários flagelados ou "bichas" (oxiúris, Taenia, Áscaris, Giárdia,etc...) e nada! Ela chegou até a roer carvão pois um amigo, veterinário, disse-lhe que ajudava a limpar o aparelho digestivo.

Seu irmão de Aguaí, protético/dentista, tinha u ma secretária muito esperta que acabou dando o diagnóstico certo para minha amiga. Ouvindo as lamúrias de Virgínia para seu irmão, intrometeu-se na conversa e perguntou: "Dona Virgínia, de que cor é o papel higiênico que a senhora usa?" A princípio os dois ficaram admirados com a pergunta, mas Virgínia respondeu: " De todas as cores, tem verdinho, tem rosinha, tem azulzinho... todos perfumados!"

A moça foi categórica: "Tá aí a causa; a senhora é tão informada e não sabe que a ANVISA proibiu a comercialização desses papéis?! Ficou provado que provocam irritações e outros danos."

Resolvido o problema, minha amiga foi até ao supermercado, devolveu os diversos pacotes que ainda tinha e obrigou o gerente a recolher todo o estoque das prateleiras, sob pena de denúncia. Conseguiu, finalmente, deixar as unhas crescerem...

Bom, acho que vou ensinar algumas formas de se fazer rabos... de porcos! São bem mais higiênicos e saborosos do que os pastéis que vocês comem nas feiras ou os quibes das esquinas da vida.

RABO COM MANDIOCA: Cozinhe os pedaços de mandioca à parte, com água e sal, reserve. Numa travessa de vidro, tempere os rabos de porco (cortados nas juntas) com sal, limão, alhos espremido, cebola batidinha, azeite, louro e pimenta à gosto. Numa panela de pressão, frite os pedaços em azeite e vá pingando água fervente, aos poucos até ficar bem amarelinhos. Acrescente 4 tomates picadinhos, 1 colher de extrato de tomate (aquela antiga, da latinha pequena) o resto do tempero que ficou na travessa e água fervente até cobrir os pedaços. Tampe a pressão e cozinhe por uns trinta minutos. Junte as mandiocas pré cozidas (pode ser mandioquinha salsa, também), um pouco de cheiro verde 1 cebola à juliana e misture bem (tem que ter um pouco de caldo). Sirva com arroz branco e couve picadinha, cozida.

RABO AO VINAGRETE: Cozinhe, na pressão, os rabos e pés de porco (peça ao açougueiro para cortar os cascos) em água, sal e folhas de louro, até ficarem bem macios. Escorra bem e tempere com vinagrete (cebola e tomates picadinhos, salsa, azeitonas picadas, azeite de oliva, vinagre e água e sal a gosto).

RABO NO FEIJÃO: Corte os rabos pelas juntas e cozinhe-os com o feijão e 2 folhas de louro. Depois de cozido, tempere normalmente o feijão.

E CHEGA DE RABO!


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

LANÇAMENTO DO LIVRO "QUAL SERÁ O SABOR DA CRÔNICA"


Pessoal, convido-os a participarem do lançamento de meu segundo livro de contos e crônicas. O evento será realizado no próximo sábado (14/08) às 19 horas no Anhembi/SP.
Ficarei feliz em recebê-los, no "stand" da Editora Baraúna.
Abraços fraternos
João Batista Gregório

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

DOCTOR STEEVE

Há quase nove anos, Osama bin Ladem deixou o mundo embasbacado com o maior atentado terrorista da história e que resultou num saldo de 3234 mortos, mais 24 pessoas desaparecidas.

Lembro-me de nosso desespero, até conseguirmos contato com nossa filha, genro e neta que moram em mamaroneck/NY, a uma hora de Manhattan.

Depois do incidente, estive por lá, ainda, umas quatro vezes e ouvi muitos casos tristes, referentes a pessoas que foram protagonistas da tragédia, como vítimas ou como sobreviventes.
Dentre os "causos" de sobreviventes, escutei uma estória que se não verdadeira, é bem provável: Trata-se do primeiro divórcio de um casal americano, no pós-atentado, por culpa de Bin Laden e prestem atenção:

Naquela manhã, o Doctor Steeve Mansfield, eminente advogado de uma financeira, com escritório instalado num dos mais altos andares da "North Tower", estava em Newark/NJ, bem próximo dali, no apartamento de sua secretária, Pamela (Pam, para os íntimos), com quem mantinha um relacionamento extraconjugal.

Sua esposa, Olivia, e os filhos, Steeve Jr. e Peter, encontravam-se na residência do casal, em Greenwich/CT, quando ouviram as primeiras manchetes e notícias sobre a tragédia. Desesperada, a mulher ligou para o celular do marido, mesmo sabendo que as chances dele atender eram mínimas, a julgar pela dimensão dos estragos.
Quando Steeve atendeu, ela deu um grito de alívio e alegria: "Obridada, meu Deus!... Steeve, onde você está, amor ?!"

Do outro lado, receoso, o marido respondeu: "Como, onde estou! Estou no escritório, preparando material para uma áudio conferência que faremos logo mais." A mulher ficou muda por alguns instantes, desorientada: "...Steeeeve, você está mentindo!"

"Como mentindo... estou no escritório sim, inclusive a Pam está a meu lado, fale com ela!" A secretária-amante tomou do aparelho e disse, profissionalmente: "Hello, Miss Manfield! Linda manhã, não?"

A mulher desatou a gritar, histérica: "Sua vagabunda! Se tiver algum aparelho nessa espelunca, onde vocês estão trepando, ligue nos noticiários, agoooraaaaa!"

A moça passou o telefone para o Doutor Steeve e, meio zonza, correu ligar a TV. O marido, sem entender a extensão da tragédia, gaguejava: "Meu amor, não estou compreendendo; há algo que eu deva explicar?!" A mulher rebateu: "Vá explicar para meu advogado seu filho da p..., suma de nossa vida, finja-se de morto, enfie-se nos escombros, etc...etc...”

Levantando os olhos para a TV, Doctor Steeve compreendeu...

Hoje vou ensinar-lhes a fazer Tomates Verdes Frios("Fried Green Tomatoes"), prato tipico do Alabama que ficou eternizado com o filme de mesmo nome, protagonizado pela saudosa atriz Jessica Tandy:

TOMATES VERDES FRITOS: 4 tomates verdes cortados em rodelas de 1 cm; sal e pimenta a gosto; 1 colher (de cha) de oregano; 1 xicara (cha) de farinha de trigo; 1 ovo ligeiramente batido; 1 xicara (cha) de farinha de rosca e 2 xicaras (cha) de oleo de soja ou de milho (para fritar) Tempere as rodelas de tomates com sal, pimenta e oregano. Em seguida, passe-as na farinha de trigo, no ovo e depois na farinha de rosca.

Despeje o oleo em uma panela pequena e aqueca em fogo medio por cerca de 4 minutos. Coloque 3 fatias de tomates por vez e frite por 3 a 4 minutos ou ate que atinja uma cor ligeiramente dourada. Escorra em toalha de papel e sirva como entrada, acompanhada de salada verde temperada com vinagrete de mostarda.