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"Crenças e Desavenças" - Editora Baraúna
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sexta-feira, 18 de março de 2011

O PEDRO FARINHEIRO

 O  “Seu” Pedro Maturano era míope de muitos graus e até onde vão minhas lembranças, sempre usou um gorro enfiado nas orelhas e o mesmo par de óculos “fundo de garrafa”, meio esverdeado. O peso da armação era tanto que lhe deixara uma marca profunda no nariz e as lentes estavam sempre embaçadas de pó amarelo, visto que era um “farinheiro” (moia e torrava farinha de milho e fubá).

 Nasceu e foi criado na roça, perto da Fazenda Santa Helena. A família vivia dos parcos recursos que conseguia “catando” e rachando lenhas, vendidas para as padarias, olarias e  fecularias da cidade.

 Pedro, rapaz ainda, era encarregado de levar para a cidade os paus de lenha, numa carrocinha puxada por uma égua de uns três anos, chamada Esmeralda. O animal era muito bonito e saudável e as pessoas, na cidade, sempre ofereciam bom dinheiro para a compra da égua; ofertas prontamente recusadas por Pedro, que alegava não ser seu dono. 
 Um dia porém ele capitulou ante a quantia oferecida pelo dono da Padaria Estrela: vinte contos de réis! Voltou para casa com o volumoso pacote de notas no bolso e puxando, ele mesmo, a carroça. Pelo caminho vinha pensando no quanto seu pai ficaria feliz com aquele dinheiro: “dava para comprar duas mulas!”, meditava ele.

Seu pai, espanhol  de Málaga e “bravo como o capeta”, ao saber da venda de Esmeralda, deu-lhe uma sova de chicote, obrigando-o a voltar à cidade a fim de desfazer o negócio. Pedro, envergonhado até à alma, implorou ao comprador para devolver a égua mas que nada... “Negócio feito era sagrado!”

 O velho espanhol comprou outro animal mas, a partir daí, era Pedro quem catava e trazia a lenha dos matos, puxando a carroça, qual um burro de carga. A mula comprada servia-se apenas para a entrega da mercadoria aos comerciantes.

Trabalhava como um "asno de engenho"e não podia freqüentar o jardim ou ir ao cinema pois não tinha tempo nem dinheiro. Além disso, por achar-se feio e “cegueta”, não cogitava em arrumar namorada.

 Lá pelos seus 23 anos, decidiu acabar com a miséria de vida que levava: Numa manhã de segunda feira, saiu com a velha garrucha espanhola, herança do avô e começou a maquinar seu suicídio. Enquanto caminhava, antevia, com certo prazer amargo, o desgosto e remorso que sua morte iria causar a seu pai. Já de caso pensado, levou consigo um comprido barbante que lhe seria útil para a consecução do ato final.

Numa grota não muito distante da colônia, ele enroscou o cano da cartucheira num feixe de lenha, amarrou o barbante no gatilho e postou-se a alguns metros, bem na mira da arma. Primeiramente, resolveu “ensaiar” o suicídio e para tanto, amarrou a outra ponta do barbante no dedão do pé, o qual serviria como acionador da engrenagem.
 Ao flexionar a perna direita, ele desequilibrou-se e enquanto tombava para um lado, o gatilho disparou vindo a bala passar rente a sua cabeça, arrancando-lhe o pedaço superior da orelha.
 Quando os colonos acudiram, ele estava meio que desmaiado, com a cara toda preta e ensangüentada. Ficou surdo do ouvido direito e por muito tempo usou óculos com uma “perna só”, amarrada com elástico mas... nunca mais pensou em suicídio!

E como o assunto hoje é farinha, segue aí uma receita de farofa, deliciosa e muito simples para acompanhar os churrascos da vida:
 FAROFA FRIA DA ROSALI:  copos de farinha de milho torrada; 2 copos de farinha de mandioca crua; 1/2 copo de óleo ou azeite; 1/2 copo de limão Tahiti; sal e´pimenta a gosto. Esfregue com as mãos até as farinhas ficarem uniformemente misturadas. Acrescente 2 dentes de alho picadinhos; 1 cebola bem picada; azeitonas; tomates; ovos cozidos picados e cheiro verde batidinho. Não mexer muito. 








6 comentários:

  1. João, gostaria de fazer um convite.
    Estou criando uma sessão no blog chamada 'Culinária Geminiana'. Descobri que o prazer de cozinhar é algo bastante em comum entre os geminianos. Eu gosto, você tb, a Hilta Tb e muitos outros geminianos que conheço.

    A participação seria da seguinte forma; Quando você tivesse disponibilidade você faria exatamente como faz no seu blog. Pegar uma receita que vc faz, e ensiná-la como fazer. A única coisa que pediria, seria pra documentar com fotos o passo a passo. Os ingredientes e tals.

    Eu acharia muito legal se vc topasse! A receita seria de sua escolha. Estou convidando alguns outros amigos do signo para participarem tb!

    Gostei bastante do blog aqui.
    Grande abçs!!

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  2. Ok, Rodolfo" Eu topo, sim e com muito prazer.
    Dureza será tirar as fotos (sou péssimo nisso) mas darei um jeito...
    Abs
    João

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  3. Olá,
    João
    Cheguei até aqui através de um outro blogue de um João também.
    Adorei a maneira como você escreve, os meus parabéns.

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  4. Obrigado, Paula!
    Espero que volte sempre e comente meus escritos.
    Forte abraço
    João Batista

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  5. e ai joão,vim retribuir a visita e já vou ficando por aqui.
    Seu cantinho é muito BÃO e essa farofa vai ficar muito boa com o meu feijão.
    Em segundos,lendo a sua biografia, eu fiz uma viagem,lembrando do sitio de meus avós.
    Amo cozinhar e estar nesse ambiente.
    Fiquem com DEUS e solta bastante receita ai pra nóis ..... abraços

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  6. Olá, meu mais novo amigo Rodrigão!
    Obrigado por tuas palavras.
    Um tempo antes de me aposentar, fui preparando essa minha "rocinha" pra poder usufruir de uma vida mais calma, da maneira como fui criado por meus pais. Graças a Deus estou aqui, na simplicidade e com a prerrogativa de não precisar ganhar mais nada além do que Deus já me presenteou.
    Espero usufuir disso por mais alguns anos.
    PS: Já fechei no viveiro um franguinho para o almoço de amanhã.
    Abs e volte sempre, pois tenho muitas histórias (ou estórias) e receitas pra contar ainda.
    João

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