O “Seu” Pedro Maturano era míope de muitos graus e até onde vão minhas lembranças, sempre usou um gorro enfiado nas orelhas e o mesmo par de óculos “fundo de garrafa”, meio esverdeado. O peso da armação era tanto que lhe deixara uma marca profunda no nariz e as lentes estavam sempre embaçadas de pó amarelo, visto que era um “farinheiro” (moia e torrava farinha de milho e fubá).
Nasceu e foi criado na roça, perto da Fazenda Santa Helena. A família vivia dos parcos recursos que conseguia “catando” e rachando lenhas, vendidas para as padarias, olarias e fecularias da cidade.
Pedro, rapaz ainda, era encarregado de levar para a cidade os paus de lenha, numa carrocinha puxada por uma égua de uns três anos, chamada Esmeralda. O animal era muito bonito e saudável e as pessoas, na cidade, sempre ofereciam bom dinheiro para a compra da égua; ofertas prontamente recusadas por Pedro, que alegava não ser seu dono.
Um dia porém ele capitulou ante a quantia oferecida pelo dono da Padaria Estrela: vinte contos de réis! Voltou para casa com o volumoso pacote de notas no bolso e puxando, ele mesmo, a carroça. Pelo caminho vinha pensando no quanto seu pai ficaria feliz com aquele dinheiro: “dava para comprar duas mulas!”, meditava ele.
Seu pai, espanhol de Málaga e “bravo como o capeta”, ao saber da venda de Esmeralda, deu-lhe uma sova de chicote, obrigando-o a voltar à cidade a fim de desfazer o negócio. Pedro, envergonhado até à alma, implorou ao comprador para devolver a égua mas que nada... “Negócio feito era sagrado!”
O velho espanhol comprou outro animal mas, a partir daí, era Pedro quem catava e trazia a lenha dos matos, puxando a carroça, qual um burro de carga. A mula comprada servia-se apenas para a entrega da mercadoria aos comerciantes.
Trabalhava como um "asno de engenho"e não podia freqüentar o jardim ou ir ao cinema pois não tinha tempo nem dinheiro. Além disso, por achar-se feio e “cegueta”, não cogitava em arrumar namorada.
Lá pelos seus 23 anos, decidiu acabar com a miséria de vida que levava: Numa manhã de segunda feira, saiu com a velha garrucha espanhola, herança do avô e começou a maquinar seu suicídio. Enquanto caminhava, antevia, com certo prazer amargo, o desgosto e remorso que sua morte iria causar a seu pai. Já de caso pensado, levou consigo um comprido barbante que lhe seria útil para a consecução do ato final.
Numa grota não muito distante da colônia, ele enroscou o cano da cartucheira num feixe de lenha, amarrou o barbante no gatilho e postou-se a alguns metros, bem na mira da arma. Primeiramente, resolveu “ensaiar” o suicídio e para tanto, amarrou a outra ponta do barbante no dedão do pé, o qual serviria como acionador da engrenagem.
Ao flexionar a perna direita, ele desequilibrou-se e enquanto tombava para um lado, o gatilho disparou vindo a bala passar rente a sua cabeça, arrancando-lhe o pedaço superior da orelha.
Quando os colonos acudiram, ele estava meio que desmaiado, com a cara toda preta e ensangüentada. Ficou surdo do ouvido direito e por muito tempo usou óculos com uma “perna só”, amarrada com elástico mas... nunca mais pensou em suicídio!
E como o assunto hoje é farinha, segue aí uma receita de farofa, deliciosa e muito simples para acompanhar os churrascos da vida:
FAROFA FRIA DA ROSALI: 2 copos de farinha de milho torrada; 2 copos de farinha de mandioca crua; 1/2 copo de óleo ou azeite; 1/2 copo de limão Tahiti; sal e´pimenta a gosto. Esfregue com as mãos até as farinhas ficarem uniformemente misturadas. Acrescente 2 dentes de alho picadinhos; 1 cebola bem picada; azeitonas; tomates; ovos cozidos picados e cheiro verde batidinho. Não mexer muito.
Vixe João, que historia triste a do Pedro, mas que Pai carrasco ele tinha!!!Espero que tenha tido mais osrte depois do acontecido.
ResponderExcluirComo boa nordestina amo farofa ,esta receita me deu água na boca.
Amigo,meu blog está completando 4 anos, e farei o sorteio de um mimo,participe!!!
http://mundodosabor.blogspot.com/2011/10/aniversario-do-mundo-do-sabor.html
João te procurei no facebook, e não encontrei me adicione!Procure Rosiane Carvalho
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