LEIAM MEUS LIVROS

"Crenças e Desavenças" - Editora Baraúna
"Qual será o Sabor da crônica?" - Editora Baraúna
Cada título contém 40 crônicas e pequenos contos de pura alegria com o mesmo número de receitas "que dão certo". Pedidos através:
www.editorabarauna.com.br - www.livrariacultura.com.br - jbgregor@uol.com.br

terça-feira, 16 de março de 2010

IRENE E SEU CASAMENTO

Depois do incidente do circo, a mãe da Irene “deu ela para a madrinha”. Em troca de casa e comida, ela, já adolescente, limpava a casa e lavava a louça. A madrinha que era professora, ensinou bons modos e religião para a menina.

Aos domingos ela tinha o direito de ir à matinê do único cinema existente na cidade e o dinheiro recebido da madrinha dava para o ingresso e mais uma pipoca ou sorvete. Conta ela que as luzes do cinema não se apagavam nem na hora da exibição da película, para evitar “sem vergonhices” dos casais de namorados.

Na igreja, era ela quem passava a sacolinha das ofertas e num domingo aprontou o maior escândalo em pleno ofertório, quando um rapaz mais afoito, fingindo depositar o dinheiro na sacola, roçou as mãos em seus peitinhos de menina moça.

O padre, chamando a madrinha, avisou: “Se a menina não usar soutiens, não poderá mais ajudar na missa!” Foi daí que ela ganhou seu primeiro soutien, azul claro, de bojo, costurado com pontos em espiral.

Num domingo de carnaval, estava ela a varrer a calçada da madrinha, quando passou um caminhão, cheio de pessoas animadas cantando músicas carnavalescas, ao som de tambores, pandeiros e cuícas. “Eu mato...eu mato...quem roubou minha cueca pra fazer pano de prato!” (música sucesso dos carnavais no início dos anos setenta).

O caminhão parou bem ali em frente. O que chamou a atenção de Irene foi um negrão de quase dois metros de altura que cantava, acenando para ela: “...minha cueca tava lavada...foi um presente que eu ganhei da namorada!” Cantando esse refrão, o rapaz fingia que ia abaixar as bermudas, mostrando partes de suas cuecas.

Irene ficou doidona...Jogou a vassoura longe e pulou para a carroceria do caminhão, ajudada pelo morenão provocante. Voltou somente na quarta-feira de cinzas, exausta mas feliz e de mãos dadas com o novo namorado, falando em casar-se.

A madrinha ficou desesperada: “Mas ele é negro, Irene...você tem que se casar com um branco!”

“Que branco, que nada...sou neta de índios e quero povoar essa terra de cafuzos!”.

E assim, cumpriu-se o seu destino, três filhos, segundo suas palavras “cor de cabaça”, os quais lhe trouxeram muitas alegrias na vida.

Irene disse-me que ela não podia servir-se nas panelas pois, tinha que aguardar o prato feito pela madrinha. pegou trauma e nunca comeu em restaurante com serviço "a la carte". Só se sente bem comendo em self-service ou churrascaria. Deu-me uma receita de costela empanada que é uma delícia!

COSTELA DE PORCO EMPANADA: Compre uma manta inteira de costela de porco. Quebre-a no sentido horizontal, sem cortar a carne. tempere com sal, limão, alho, azeite, pimenta e molho inglês. Coloque para assear em forma forrada com papel alumínio. Espalhe por cima farofa de mandioca pronta e temperada. Bata bem com as mãos para empaná-la (como bife à milanesa). Vire-a e proceda da mesma maneira. Cubra com papel alumínio e leve ao forno quente. Retire o papel, depois de 1 hora e deixe dourar por mais ou menos 1 hora, até ficar crocante.

6 comentários:

  1. Caro confrade e amigo João!
    Aposto que a Irene não se contentou somente com o homenzarrão que conheceu no carnaval...
    Caloroso abraço! Saudações Ireneianas!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

    ResponderExcluir
  2. Sabe que foi o único homem da vida dela!!
    JB

    ResponderExcluir
  3. É isso aí, a Irene ta certinha..
    Depois que inventaram o self service, a vida ficou muito mais gostosa.. O risco é comer mais do que se deve. A balança é implacável. Mas me impressionou a sua descrição do soutien da Irene:"azul claro, de bojo, costurado com pontos em espiral"...Esse já virou pela de museu..rsss
    bjinsssss

    ResponderExcluir
  4. Cris...eu me baseei no soutien enorme que a Elyzabeth Taylor usou no filme "O Pecado de Todos nós" (acho que é isso...)
    Gde Abraço
    João

    ResponderExcluir
  5. João, que bom encontrar vc por aqui. Tenho um blog de artesanatos, meu irmão gosta de escrever. O blog dele... é novinho só tem 40 dias, mas...já está cheio de textos. Acho que seria legal vcs se conhecerem. Vou seguir vc, passa lá no meu, para fazer uma visitinha... se quiser depois passo o blog do meu irmão prá vc. Criatividades da "Tia Ném".

    http://nempacelli.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  6. Olá, Ném! Visitei teu blog. Tem coisas lindas lá, muita criatividade e bom gosto. Gostaria de saber qual o blog de teu irmão, para visitá-lo
    Grande abraço
    joão

    ResponderExcluir