A Irene contou-me que sua mãe era descendente de índios e teve vários filhos, com pais diferentes. Para criar os bacurizinhos, ela "recebia" homens em sua casa. Apesar disso, Irene tinha muita pena da mãe a ponto de, certa noite, defendê-la de um freguês mais embriagado.
A menina queimou as nádegas do homem com um tição em brasas (um toco de madeira grosso) que pegou do fogão à lenha. Como as calças do marmanjo eram de tergal (um tecido sintético), as brasas incandescentes ficaram grudadas no tecido, deixando a bunda dele em chagas.
Eram muito pobres e a medida em que cresciam, os irmãos iam dispersando-se pelo mundo, ficando apenas as mulheres. Apesar de ter pena da mãe, a Irene tentou fugir de casa várias vezes. Aos sete anos, refugiou-se numa casa de órfãos, dizendo que não tinha pais e quando a mãe descobriu seu paradeiro, escondeu-se dentro do grande caldeirão de sopa, cobriu-se com a tampa e ficou ali quietinha, até a mãe ir-se embora.
Doutra feita, escondeu-se num vagão de trem e foi parar lá em Tanquinhos, uma estação ferroviária próxima à Campinas. Caminhou por mais de vinte quilômetros até chegar ao sítio onde morava uma conhecida de sua mãe. A mulher acolheu a menina e enquanto a distraía com agrados, mandou avisar sua mãe, por intermédio do maquinista.
Em poucos dias, a policia apareceu no sítio levando-a de volta para casa.
Seu sonho era ser contorcionista, e desde pequena vivia fazendo malabarismos para uma platéia seleta de irmãos e amigos. Por ocasião da chegada de um circo de variedades na cidade, Irene fez amizade com a filha do dono do circo, Kátia Elaine, a qual, por uns três meses, estudou em sua classe (as escolas eram, ou ainda são, obrigadas a aceitarem as crianças circenses em qualquer época do ano).
Sabedora dos sonhos de Irene, a amiguinha mambembe ajudou-a na montagem de uma carta de autorização, com a assinatura falsificada da mãe . Numa segunda-feira, de madrugada, a garota foi-se embora com o circo.
Ficou uns dois meses rodando com a troupe circense, mas o máximo que conseguiu foi ajudar a levantar as lonas e puxar cordas para armar o circo. Até que um dia, em Poços de Caldas/MG, enquanto o pessoal esticava a lona que estava presa somente ao mastro central, Irene e Katia Elaine treinavam "salto estrela" (essa acrobacia consiste em dar um salto para trás, apoiar as mãos no chão e impulsionar o corpo para cair em pé).
Na primeira tentativa, Irene foi de encontro ao mastro central que chocou-se, violentamente, na "forquilha" de suas pernas. Com hematomas na periquita e duas costelas quebradas, foi levada, mais uma vez, de volta para sua mãe.
Irene não pode ver carne-seca na frente; não suporta nem o cheiro te tanto que comeu durante sua infãncia mas eu adoro e vou ensinar como é que se faz um delicioso croquete de carne-de-seca:
CROQUETES DE CARNE-SECA: 500 gramas de carne seca; 1 xícara (chá) de leite; 1 colher (sobremesa) de farinha de trigo; 2 ovos; sal e salsa picada; 1 colher (café) de fermento em pó e farinha de rosca.
Deixe a carne seca de molho por 12 horas (trocando a água várias vezes) para tirar o excesso de sal. Leve ao fogo, com bastante água, para cozinhar em panela de pressão. Escorra a água e desfie a carne seca. À parte, leve ao fogo brando, o leite, a farinha de trigo e o sal, cozinhando tudo até encorpar. Retire do fogo e espere amornar um pouco, misturando em seguida 01 ovo, a salsa, o fermento e a carne seca. Modele os croquetes com as mãos untadas com margarina ou óleo. Passe-os no outro ovo (batido com 1 colher de água) e na farinha de rosca, duas vezes. Frite em óleo bem quente. Dá uns 30 croquetes.
Caro confrade e amigo João!
ResponderExcluirSerá que a destemida Irene teve uma prole numerosa?!...
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
Apenas dois filhos e ainda vou contar como é que foi...
ResponderExcluirAbraços
Caro confrade amigo João!
ResponderExcluirOba!!!!!!!!!!!!!!!...
Ficarei na primeira fileira aguardando a abertura da cortina!!!!...
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
Querido amigo...
ResponderExcluirCoitadinha da Irene.
Espero que ela tenha tido um destino melhor que o da mãe , cuja vida não devia ser nada fácil. Respeito essas mulheres corajosas que dão um duro danado para criarem sozinhas sua prole.
Fico aguardando a continuidade da história da Irene.
E esse bolinho de carne seca deve ser delicioso! Desse jeito meu regime vai pro espaço.
bom final de semana..
Experimente fazer, ou passe a receita para a tua mãe. vale a pena e de vez em quando, não engorda nada.
ResponderExcluirAbraços