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segunda-feira, 5 de abril de 2010

A PROFESSORA

O terceiro ano primário eu fiz duas vezes; repeti o ano devido à perseguição da professora Dna. Zoraide, turca, baixinha, mal amada, neurótica eesquizofrênica a qual, para o bem da Nação, já morreu... Naquele tempo, as mães entregavam os filhos na escola com a recomendação: "Se ele não obedecer, pode bater!"

E elas batiam... com as mãos ou com a enorme régua de madeira que era uma verdadeira arma branca. Tenho um pequeno buraco na cabeça resultante de uma reguada de ponta que levei só porque me recusei a cantar uma musiquinha em homenagem à Princesa Isabel nas comemorações da aboliçãoe que eu gravei para sempre:

"Princesa Dona Izabel, mamãe disse que a senhora, perdeu o seu lindo trono mas tem um mais lindo agora. No céu está esse trono, que agora a senhora tem, além de ser mais bonito, ninguém o tira, ninguém!".

Um dia, minha mãe deu-me um pote de geleia de mexerica para presentear a professora (era costume esses mimos). Com muita má vontade ela aceitou o doce, colocando o pote em cima da mesa. Naquela mesma manhã, durante o recreio, tomei uma coca-cola das grandes (recém lançada) e fui para a classe. Logo em seguida, apertou-me a vontade de fazer xixí e pedi para a jabiraca deixar-me ir um pouquinho lá fora, pedido secamente recusado: _Gregório, você acaba de vir do intervalo, fique quieto se não vai para a diretoria! _ tentei segurar mas a vontade era demais. Pedi de novo e a resposta foi um "Cala a boca".

De tanto eu teimar, ela acabou colocando-me de castigo dentro da lixeira, um cesto enorme de arame trançado que ficava no fundo da classe. A vergonha e a vontade de fazer xixi era tanta, que de raiva, virei-me de costas e descarreguei a água!

Um dos colegas gritou: "Fessôra, o Gregório tá mijando!!". Pedi a proteção divina e continuei, até que senti grudar em meus cabelos as garras daquela harpia com cara de mulher e corpo de coruja. Conforme ela girou-me para frente, continuei a urinar... em suas saias e sapatos. Foi aquela gritaria histérica e ela não sabia se me batia, se chacoalhava as saias ou se batia os pés. Levou-me pelas orelhas até a diretoria onde recebi uma suspensão por três dias.

Voltei para a sala de aula para pegar meus cadernos e quando vi o doce que lhe dera, não resistí: peguei o pote e o atirei na megera que desviou a cabeça, no momento exato em que espatifou-se na lousa, espalhando a geleia por todo o lado. Fui expulso da escola e só pude completar a terceira série em outra escola onde fui adimitido com restrições. A bruxa jamais experimentou a mexerica de minha mãezinha mas para vocês eu vou passar a receita que é uma verdadeira ambrosia dos deuses:

GELEIA DE MEXERICA: Descascar as mexericas, daquelas mais azedinhas, difícil de descascar (tangerina ou "fididinha")) e retirar toda a pele branca. Cortar, tirar as sementes e bater, levemente, no liquidificador. Medir o mesmo tanto de massa e açúcar. Levar ao fogo até o ponto cremoso. Juntar a casca de uma delas (cortada em tirinhas bem fininhas e aferventadas antes). Deixar ferver por mais 5 minutos. Delícia!!!!!

3 comentários:

  1. Caríssimo confrade e amigo João!
    Fiquei estupefato com mais uma coincidência nas nossas existências!!!... Fiz o segundo ano primário duas vezes, porque repeti de ano. No terceiro ano primário, que cursei nos idos anos de 1963, também tive uma professora, a maldita e odiosa Dona Joanite, solteirona recalquada, mal-amada, que acredito nunca teve um orgasmo na vida!!!... Odeio aquela bruxa infame... Espero que ela já tenha morrido a muito tempo e seus despojos mortais estejam no ossário geral do Sepulcrário da Vila Formosa!!!!!!... Nunca me esqueço o safanão violento que aquela maldita me deu e me colocou de castigo atrás da porta de braços abertos, só porque tive a audácia de virar para trás!!!!... Quando minha amada irmã Judite foi tirar satisfação com ela, aquele ser horrendo das trevas teve o cinismo de dizer que não era verdade, que apenas tocou "levemente" no meu braço e gentilmente me fez virar para frente dizendo que não estava prestando atenção na aula!!!!... M A L D I T A M E N T I R O S A!!!!!!...
    Por Dionísio, quanta coincidências!!!!...
    Não vejo a hora de conhecê-lo em carne e osso!!!!!...
    Caloroso abraço!!!!... Saudações reveladoras!!!...
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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  2. Caro amigo...

    Que horror você passou com essa bruxa!!
    Graças a Deus não passei por isso, mas se tivesse passado, certamente não teria completado meus estudos. Esse era o modelo de educação aplicado nas escolas pelos professores d'antanho, salvo raras exceções!!
    Credo... tomara que ela tenha reencarnado na pele de um ser peçonhento e rastejante..
    abços

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  3. Que absurdo!Há traumas dos quais nem depois de morto a gente se esquece,principalmente deste tipo.Imagina colocar o meu portuga no latão de lixo???Adorei o seu Chafariz de xixi na monstrenga.Nestas horas eu quero que haja inferno e ela esteja levando reguadas e com vontade eterna de fazer xixi,é o que espero.Você conseguiu terminar o primário:Conseguiu fazer o ginásio?Me fale de sua vida escolar.

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