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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A DRA. VIRGÍNIA


O grande trauma da vida de Virgínia foi o de não poder usar papel higiênico durante toda a infância. O pai achava que era supérfluo e a família toda tinha que usar papel de embrulhar pão ou jornal, os quais ficavam pendur ando em um fino arame ao lado do vaso sanitátio. Contou-me ela que saia do banheiro com a bunda manchada de tinta preta dos jornais vagabundos e como ela era bundudinha, às vezes com o decalque de manchetes inteiras dos jornais.

Cresceu, ficou moça e bonita... Passou num concurso federal e fez carreira como fiscal do governo, com ótima remuneração. Nunca se casou, aposentou-se relativamente jovem e sempre morou sozinha. Viajou e namorou muito, sabendo aproveitar os prazeres da vida. Seu apartamento era um primor em matéria de conforto e decoração e talvez, como reflexo de seu trauma de infância, comprava pacotes e mais pacotes de papel higiênico, todos coloridos e perfumados.

Se as toalhas de rosto e de banho eram azuis, o papel higiênico também era azulzinho; se salmão, o papel era cor de pêssego, ou verdinho, ou rosinha e assim por diante. Ela gostava de comer bem e frequentava todos os restaurantes da cidade variando, assim, os tipos de comidas e temperos. Ocorreu que, sem mais nem menos, ela começou a sen tir pruridos anais, ou seja, coceiras no "fiofó". Ficou exasperada, a ponto de passar a visitar todas as cozinhas dos restaurantes para especular sobre os temperos que os cozinheiros usavam, pois achava que alí estaria a origem de seus problemas. Reparou também que quando ia à Sao Paulo ou à Campinas, na casa de seus irmãos, as coceiras sumiam.

Num final de semana recebeu a visita de uma amiga e ambas foram almoçar em um restaurante de comida mineira, cuja especialidade era diferentes pratos suínos. À noite, sua amiga reclamou de coceiras no "fiofó" dela também e Virgínia deduziu: "Só pode ser a carne de porco". Noutro dia, foram jantar num restaurante macrobióticos mas, que nada! Na segunda-feira, ambas estavam esfoladas de tanto se coçarem.

Seu irm ão de São Paulo, clínico geral, receitou-lhe remédios para tudo quanto era protozoários flagelados ou "bichas" (oxiúris, Taenia, Áscaris, Giárdia,etc...) e nada! Ela chegou até a roer carvão pois um amigo, veterinário, disse-lhe que ajudava a limpar o aparelho digestivo.

Seu irmão de Aguaí, protético/dentista, tinha u ma secretária muito esperta que acabou dando o diagnóstico certo para minha amiga. Ouvindo as lamúrias de Virgínia para seu irmão, intrometeu-se na conversa e perguntou: "Dona Virgínia, de que cor é o papel higiênico que a senhora usa?" A princípio os dois ficaram admirados com a pergunta, mas Virgínia respondeu: " De todas as cores, tem verdinho, tem rosinha, tem azulzinho... todos perfumados!"

A moça foi categórica: "Tá aí a causa; a senhora é tão informada e não sabe que a ANVISA proibiu a comercialização desses papéis?! Ficou provado que provocam irritações e outros danos."

Resolvido o problema, minha amiga foi até ao supermercado, devolveu os diversos pacotes que ainda tinha e obrigou o gerente a recolher todo o estoque das prateleiras, sob pena de denúncia. Conseguiu, finalmente, deixar as unhas crescerem...

Bom, acho que vou ensinar algumas formas de se fazer rabos... de porcos! São bem mais higiênicos e saborosos do que os pastéis que vocês comem nas feiras ou os quibes das esquinas da vida.

RABO COM MANDIOCA: Cozinhe os pedaços de mandioca à parte, com água e sal, reserve. Numa travessa de vidro, tempere os rabos de porco (cortados nas juntas) com sal, limão, alhos espremido, cebola batidinha, azeite, louro e pimenta à gosto. Numa panela de pressão, frite os pedaços em azeite e vá pingando água fervente, aos poucos até ficar bem amarelinhos. Acrescente 4 tomates picadinhos, 1 colher de extrato de tomate (aquela antiga, da latinha pequena) o resto do tempero que ficou na travessa e água fervente até cobrir os pedaços. Tampe a pressão e cozinhe por uns trinta minutos. Junte as mandiocas pré cozidas (pode ser mandioquinha salsa, também), um pouco de cheiro verde 1 cebola à juliana e misture bem (tem que ter um pouco de caldo). Sirva com arroz branco e couve picadinha, cozida.

RABO AO VINAGRETE: Cozinhe, na pressão, os rabos e pés de porco (peça ao açougueiro para cortar os cascos) em água, sal e folhas de louro, até ficarem bem macios. Escorra bem e tempere com vinagrete (cebola e tomates picadinhos, salsa, azeitonas picadas, azeite de oliva, vinagre e água e sal a gosto).

RABO NO FEIJÃO: Corte os rabos pelas juntas e cozinhe-os com o feijão e 2 folhas de louro. Depois de cozido, tempere normalmente o feijão.

E CHEGA DE RABO!


4 comentários:

  1. Oi, João!
    Obrigada por retornar a visita e pelo simpático comentário que nos deixou. Fique à vontade para divulgar seu trabalho em nosso blog. A casa é sua.
    Adorei as crônicas, as receitas e o seu senso de humor.

    Um abraço,
    Suzy ;)

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  2. João.. Acabei de ler seu novo livro e dei boas risadas com as histórias que vc conta lá. Dá para desopilar o fígado..
    Para quem sofre de mau humor é um santo remédio.
    Já estou esperando o próximo.
    bjos

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  3. Caríssimo amigo João!
    Terminei de ler seu imperdível livro!!!!... Difícil escolher entre o primeiro e o segundo!!!... Isto posto, fico com os dois, porque um complementa o outro!!!...
    Por Dionísio, a Dra. Virgínia não tinha bidê ou ducha higiênica no apartamento que residia?!...
    Caloroso abraço! Saudações tico-tico!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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  4. João porque a Virginia pode deixar as unhas crescerem após descobrir que os papéis coloridos causavam coceira o que tem uma coisa com a outra,fiquei cismada.Sabe João quando eu tinha 16 anos eu fui numa fazenda em MG ,uma das casas mais belas que eu já vi em minha vida , e vc sabia que havia um cesto no banheiro cheio de sabugos de milho.O que vc acha que poderia ser aquilo?Será que eles usavam como papél higiênico?

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