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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A DAIDE

  ''Vamos Falar de saudade, que eu hoje estou prá chorar...” 
Assim cantava Nora Ney, grande sucesso do final dos anos 50 e inicio dos 60.

E é dessa época que me veem as melhores lembranças de minha querida irmã,  Maria Adelaide, cuja vida, há exatamente, dois anos, foi tragicamente ceifada sob as rodas de um veículo qualquer.

Lembro-me dela cuidando de nós, seus irmãozinhos mais novos, de uma forma extremamente carinhosa e alegre. Sempre cantando e sorrindo, dando-nos o banho diário, penteando nossos cabelos, vestindo-nos e levando-nos à Igreja ou para passeios.

Recordo, nitidamente, o dia em que me levou ao “Foto 5 minutos” para “tirarmos” o retrato que ilustra esta crônica. Para frustrar sua intenção, eu peguei uma tesoura e cortei um pedaço de minha franja (reparem o detalhe na foto), mas não houve desculpas e fui contrariado. Saí de cara feia, ainda mais por que ela não quis comprar-me um sorvete, alegando que  poderia sujar a camisa nova: _Só depois da foto!

Lá em casa, era chamada de “Maria Força e Luz” e ganhou esse apelido após ter subido em um banquinho para tentar consertar uma luminária da cozinha. Levou o maior choque, estatelando-se no chão, sob a vaia de todos os irmãos.

Após a adolescência, seus problemas começaram: Acometida de uma enfermidade auditiva, sofreu muito com as dores e seqüelas das cirurgias pelas quais passou. Casou-se com o único namorado que teve, separou-se ainda nova e voltou para casa com os três filhos pequenos, já com os transtornos que a atormentaram por muitos anos e que tanto fizeram sofrer, também a nós, que a amávamos tanto.

Não obstante seus males, os quais, muitas vezes, deixavam-na alienada da própria existência, era um ser humano maravilhoso e bondoso a ponto de doar tudo o que tinha para os mais necessitados. Fazia visitas diárias aos asilos, velórios, enfermos e  amigos. Pela cidade toda, levava a alegria de seu grande coração.

Sua religiosidade não tinha nada das convenções impostas e professava a espiritualidade de uma maneira própria e eclética, freqüentando, com a mesma fé, tanto as igrejas católicas como as evangélicas ou espiritualistas. Onde tinha hinos e orações, a Daide estava presente!

Foi, nesta vida, uma presença marcante para nós e para seus amigos, e creio que sua missão maior foi cumprida: três filhos e netos, exemplares e honrados, que nos deixou para engrandecer ainda mais seu nome e suas lembranças.
Em fim; ela não nos abandonou...apenas foi na frente!
 
Perdoem-me os leitores mas, pelo menos desta vez, não tenho crônicas divertidas para publicar pois só me ocorrem os versos que a Nora Ney cantava...

4 comentários:

  1. Caro amigo João!
    Belíssima e enternecedora homenagem você prestou a sua valorosa irmã Maria Adelaide! Tive a grata satisfação de conhecer em carne e osso a filha da sua irmã, que também nos recebeu de braços abertos, no dia que o visitamos!
    Desejo-lhe muita força para suportar a dor da saudade, especialmente neste dia, que completa dois anos que ela deixou de existir...
    Caloroso abraço! Saudações vigorosas!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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  2. Caro amigo João Batista!

    Que bela demonstração de carinho, afeto e admiração você presta à sua irmã, que também agiu como amorosa e protetora mãe!

    É sempre muito bom recordarmos daquilo que nos causou alegria e satisfação. Esses sentimentos pairam acima da dor da separação, da perda e da saudade.

    A história de sua irmã agora também faz parte da história de todos nós, seus amigos, que o queremos tão bem!

    Abraço fraterno!

    Nivia Andres
    Porto Alegre, RS

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  3. Professor, obrigado pelas palavras. É verdade...vc chegou a conhecer minha sobrinha. Tão amorosa!
    Abraços
    JB

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  4. Nívia, fiquei muito contente com tua visita. Pensei que tivesse me esquecido! rsrs
    Sabe, recordo-me de minha irmã com uma certa melancolia mas não com tristeza, pois sei que sendo um espírito tão generoso, estará bem amparado, onde estiver.
    Grato
    João

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