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"Crenças e Desavenças" - Editora Baraúna
"Qual será o Sabor da crônica?" - Editora Baraúna
Cada título contém 40 crônicas e pequenos contos de pura alegria com o mesmo número de receitas "que dão certo". Pedidos através:
www.editorabarauna.com.br - www.livrariacultura.com.br - jbgregor@uol.com.br

sábado, 27 de março de 2010

OS FIGOS DE MAMÃE

Nos últimos anos em Brasília a ditadura não mais existia, porém, imperava a inflação tresloucada. Para dar conta de criar 4 filhos naquela cidade onde tudo era mais caro, tive que manter uma atividade paralela: vendedor de jóias, das 7 às 12 horas e bancário das 13 às 21 horas. Trabalhava na matriz do Banco, como assessor de um diretor que só cumpria sua jornada de trabalho nesse horário.

Eram jóias caríssimas que a Neusa Farid, uma amiga minha, cliente antiga das grandes ourivesarias de São Paulo pegava em consignação nessas fábricas e repassava para mim. No começo eram algumas peças apenas e no final acabei por vender mais que ela.

Nas sextas-feiras, tomava um ônibus leito às 23 horas e chegava em São Paulo pela manhã. Daí seguia, ainda de ônibus, até minha cidade natal a fim de prestar contas com a Neuza e renovar os mostruários de jóias. Aproveitava para almoçar com minha mãe e curtir um pouco os parentes, retornando a São Paulo já à noite.

Numa ocasião, eu perdi o ônibus-leito para Brasília e tive que seguir em outro, convencional. Fui amaldiçoando, pois a viagem era horrível, mais de doze horas espremido naquele calor danado e sem poder dormir. Quase de madrugada, já no interior de Goiás, o motorista parou na beira da estrada para recolher os passageiros do ônibus que eu havia perdido.

Foram assaltados por uma quadrilha de bandidos que levaram tudo o que tinham de valor. Um dos caras estava como passageiro e os outros dois vinham atrás, em uma caminhonete.

Apesar do sufoco com a superlotação, abracei minha sacola de jóias e agradeci à Providência Divina por ter-me feito perder o primeiro ônibus. A Partir daí, passei a viajar somente de avião, acrescentando as despesas com passagens no preço das jóias.

Eu era muito abençoado pois em outra ocasião quase me ferrei, também: Vindo de minha cidade, eu costumava tomar o metrô para a Praça da República, onde havia uma agência de ônibus executivos que me levavam até ao aeroporto

Certa noite, descí naquela praça com duas sacolas iguaizinhas (de lona xadrez verde); uma com vários potes de doces caseiros, que minha mãe sempre fazia para a gente e a outra com as jóias. Nisso, fui abordado por dois pivetes "estiletados" pedindo minhas maletas. Olhei para os estiletes, pensei nas jóias que nem eram minhas e... saí correndo, gritando... Coisa de doido!

Uma das maletas foi arrancada de meus ombros e adivinhem qual foi?

O ladrãozinho deve estar comendo o doce de figos de minha mãe até hoje e eu, burro, não sei como ainda estou vivo! Mas toda essa estória para passar para vocês a receita do Arroz com Castanhas e Uvas Passas, a quall me foi dada por Neusa Farid, minha amiga fornecedora das jóias.

ARROZ COM CASTANHAS E UVAS PASSAS: Refogar em duas colheres de manteiga, dois dentes de alho em rodelas, 50 gramas de uvas passas pretas e 1 xícara (chá) de castanhas de caju torradas e moídas. Juntar 1 xícara (chá) de arroz, acrescentar água fervente suficiente (mais ou menos dois dedos acima do arroz) e sal, deixando cozinhar em fogo baixo. Quando estiver quase pronto, espalhar salsinha picada por cima e abafar a panela. Servir quente.

sábado, 20 de março de 2010

"O CROONER"

Ali pelos meus dezesseis ou dezessete anos, fui crooner de um conjunto musical (hoje seria Banda); eu e minha prima, Neuzinha. Enquanto ela dava conta dos sambas e jovem guarda, eu "encantava as plateias" com músicas românticas: boleros, italianas, francesas, americanas, etc... Calças "boca de sino", sapato plataforma, paletó xadrez e a camisa aberta, deixando à mostra uma enorme relógio roskofp, pendurado numa corrente.

Carros-chefes de meu repertório eram as canções "The End" do intérprete norte americano Earl Grant e o grande sucesso do início dos anos setenta "F Comme Femme" que um tal de Adamo, cantor ítalo/belga, consagrou aqui no Brasil e depois sumiu do mapa.

A música "The End" era fácil de cantar e quando eu começava a primeira estrofe: At the end of a raimbow, you'll find a pot of gold..., o baile parava e o povo aplaudia muito (será que eu era tão bom assim, mesmo?!).

No início, batizamos o conjunto de "Tributo ao Ritmo", mas minha prima achou o nome muito comprido e buscou no dicionário um sinônimo para tributo e encontrou... "Apanágio". Como a gente era muito goiaba (termo da época), adotamos o novo nome e ainda colocamos no plural _ "Os Apanágios". Bem mais tarde, descobrimos que ela, ao invés de buscar por tributo,procurou a palavra atributo.

Fazíamos muitos bailes pelo interior de São paulo e Minas Gerais. Nosso veículo era uma perua Kombi que o pai do Serginho, o baterista, usava para transportar latões de leite, durante a semana. Era um aperto danado com caixas de som enormes, microfones, pedestal de partituras, bateria, guitarras e seis "músicos". Ainda por cima, tínhamos que aguentar o cheiro de leite azedo e a fumaça do baseado que o Serginho não tirava da boca. Chegávamos ao destino completamente zonzos e enjoados. Nem podíamos reclamar pois ele era dono da Kombi.

Mas era divertido...Uma noite, fizemos um baile em um pequeno clube, na cidade de Ourinhos. Era ambiente familiar e os pais acompanhavam as filhas, para que elas não bebessem ou se esfregassem demais nos rapazes. Lá pelo meio da noite, eu e minha prima começamos a cantar uma música francesa, revolucionária e de grande sucesso na época, o "Je T'Aime". Na interpretação, era necessário um casal que, com gemidos e sussurros, simulavam o ato sexual.

Foi um Deus nos acuda... os pais começaram a retirar as donzelas do salão e as luzes foram acesas. O diretor do clube acabou com o baile e fomos despedidos, sem ao menos recebermos o cachê!

Ver imagem em tamanho grande A "promissora" carreira de crooner foi interrompida pela Cidinha, paixão de minha adolescência. Assim que começamos a namorar ela impôs a condição: _ Só fico com você se parar de cantar e viajar! Mesmo assim, ainda insisti por algum tempo e numa noite, deixei-a na mesa, sozinha, e subi ao palco para cantar sua canção preferida: "F Comme Femme" Eu era miope de vários graus mas, quando cantava, costumava retirar aqueles óculos terríveis.

Caprichei na interpretação, olhando para o rumo da mesa onde ela estava, apesar de não conseguir enxergá-la. Ao final, fiquei sabendo que ela fora embora, de carro, com um "amigo" meu. Saí do baile correndo e fui, à pé, até a casa dela. Fiquei lá, esperando que nem bobo, até ao amanhecer quando eles chegaram, dizendo que estavam na feira "comendo pastéis".

Mulher é um bicho danado mesmo!

PASTÉIS DA CIDINHA: 2 xícaras de farinha de trigo; 2 xícaras de queijo ralado; 1/2 xícara de leite; 2 ovos; 1 pitada de sal; 1 colher (bem cheia) de manteiga e 1 colher (chá) de pó royal. Misturar tudo, amassar, esticar a massa, cortar rodelas com o auxílio de um copo ou xícara (depende do tamanho), rechear (com carne moída ou palmito ou camarões) e moldar os pasteizinhos. Fritar em óleo bem quente.

terça-feira, 16 de março de 2010

IRENE E SEU CASAMENTO

Depois do incidente do circo, a mãe da Irene “deu ela para a madrinha”. Em troca de casa e comida, ela, já adolescente, limpava a casa e lavava a louça. A madrinha que era professora, ensinou bons modos e religião para a menina.

Aos domingos ela tinha o direito de ir à matinê do único cinema existente na cidade e o dinheiro recebido da madrinha dava para o ingresso e mais uma pipoca ou sorvete. Conta ela que as luzes do cinema não se apagavam nem na hora da exibição da película, para evitar “sem vergonhices” dos casais de namorados.

Na igreja, era ela quem passava a sacolinha das ofertas e num domingo aprontou o maior escândalo em pleno ofertório, quando um rapaz mais afoito, fingindo depositar o dinheiro na sacola, roçou as mãos em seus peitinhos de menina moça.

O padre, chamando a madrinha, avisou: “Se a menina não usar soutiens, não poderá mais ajudar na missa!” Foi daí que ela ganhou seu primeiro soutien, azul claro, de bojo, costurado com pontos em espiral.

Num domingo de carnaval, estava ela a varrer a calçada da madrinha, quando passou um caminhão, cheio de pessoas animadas cantando músicas carnavalescas, ao som de tambores, pandeiros e cuícas. “Eu mato...eu mato...quem roubou minha cueca pra fazer pano de prato!” (música sucesso dos carnavais no início dos anos setenta).

O caminhão parou bem ali em frente. O que chamou a atenção de Irene foi um negrão de quase dois metros de altura que cantava, acenando para ela: “...minha cueca tava lavada...foi um presente que eu ganhei da namorada!” Cantando esse refrão, o rapaz fingia que ia abaixar as bermudas, mostrando partes de suas cuecas.

Irene ficou doidona...Jogou a vassoura longe e pulou para a carroceria do caminhão, ajudada pelo morenão provocante. Voltou somente na quarta-feira de cinzas, exausta mas feliz e de mãos dadas com o novo namorado, falando em casar-se.

A madrinha ficou desesperada: “Mas ele é negro, Irene...você tem que se casar com um branco!”

“Que branco, que nada...sou neta de índios e quero povoar essa terra de cafuzos!”.

E assim, cumpriu-se o seu destino, três filhos, segundo suas palavras “cor de cabaça”, os quais lhe trouxeram muitas alegrias na vida.

Irene disse-me que ela não podia servir-se nas panelas pois, tinha que aguardar o prato feito pela madrinha. pegou trauma e nunca comeu em restaurante com serviço "a la carte". Só se sente bem comendo em self-service ou churrascaria. Deu-me uma receita de costela empanada que é uma delícia!

COSTELA DE PORCO EMPANADA: Compre uma manta inteira de costela de porco. Quebre-a no sentido horizontal, sem cortar a carne. tempere com sal, limão, alho, azeite, pimenta e molho inglês. Coloque para assear em forma forrada com papel alumínio. Espalhe por cima farofa de mandioca pronta e temperada. Bata bem com as mãos para empaná-la (como bife à milanesa). Vire-a e proceda da mesma maneira. Cubra com papel alumínio e leve ao forno quente. Retire o papel, depois de 1 hora e deixe dourar por mais ou menos 1 hora, até ficar crocante.

sexta-feira, 12 de março de 2010

IRENE E SUAS FUGAS

A Irene contou-me que sua mãe era descendente de índios e teve vários filhos, com pais diferentes. Para criar os bacurizinhos, ela "recebia" homens em sua casa. Apesar disso, Irene tinha muita pena da mãe a ponto de, certa noite, defendê-la de um freguês mais embriagado.

A menina queimou as nádegas do homem com um tição em brasas (um toco de madeira grosso) que pegou do fogão à lenha. Como as calças do marmanjo eram de tergal (um tecido sintético), as brasas incandescentes ficaram grudadas no tecido, deixando a bunda dele em chagas.

Eram muito pobres e a medida em que cresciam, os irmãos iam dispersando-se pelo mundo, ficando apenas as mulheres. Apesar de ter pena da mãe, a Irene tentou fugir de casa várias vezes. Aos sete anos, refugiou-se numa casa de órfãos, dizendo que não tinha pais e quando a mãe descobriu seu paradeiro, escondeu-se dentro do grande caldeirão de sopa, cobriu-se com a tampa e ficou ali quietinha, até a mãe ir-se embora.

Doutra feita, escondeu-se num vagão de trem e foi parar lá em Tanquinhos, uma estação ferroviária próxima à Campinas. Caminhou por mais de vinte quilômetros até chegar ao sítio onde morava uma conhecida de sua mãe. A mulher acolheu a menina e enquanto a distraía com agrados, mandou avisar sua mãe, por intermédio do maquinista.

Em poucos dias, a policia apareceu no sítio levando-a de volta para casa.

Seu sonho era ser contorcionista, e desde pequena vivia fazendo malabarismos para uma platéia seleta de irmãos e amigos. Por ocasião da chegada de um circo de variedades na cidade, Irene fez amizade com a filha do dono do circo, Kátia Elaine, a qual, por uns três meses, estudou em sua classe (as escolas eram, ou ainda são, obrigadas a aceitarem as crianças circenses em qualquer época do ano).


Sabedora dos sonhos de Irene, a amiguinha mambembe ajudou-a na montagem de uma carta de autorização, com a assinatura falsificada da mãe . Numa segunda-feira, de madrugada, a garota foi-se embora com o circo.

Ficou uns dois meses rodando com a troupe circense, mas o máximo que conseguiu foi ajudar a levantar as lonas e puxar cordas para armar o circo. Até que um dia, em Poços de Caldas/MG, enquanto o pessoal esticava a lona que estava presa somente ao mastro central, Irene e Katia Elaine treinavam "salto estrela" (essa acrobacia consiste em dar um salto para trás, apoiar as mãos no chão e impulsionar o corpo para cair em pé).


Na primeira tentativa, Irene foi de encontro ao mastro central que chocou-se, violentamente, na "forquilha" de suas pernas. Com hematomas na periquita e duas costelas quebradas, foi levada, mais uma vez, de volta para sua mãe.


Irene não pode ver carne-seca na frente; não suporta nem o cheiro te tanto que comeu durante sua infãncia mas eu adoro e vou ensinar como é que se faz um delicioso croquete de carne-de-seca:

CROQUETES DE CARNE-SECA: 500 gramas de carne seca; 1 xícara (chá) de leite; 1 colher (sobremesa) de farinha de trigo; 2 ovos; sal e salsa picada; 1 colher (café) de fermento em pó e farinha de rosca.

Deixe a carne seca de molho por 12 horas (trocando a água várias vezes) para tirar o excesso de sal. Leve ao fogo, com bastante água, para cozinhar em panela de pressão. Escorra a água e desfie a carne seca. À parte, leve ao fogo brando, o leite, a farinha de trigo e o sal, cozinhando tudo até encorpar. Retire do fogo e espere amornar um pouco, misturando em seguida 01 ovo, a salsa, o fermento e a carne seca. Modele os croquetes com as mãos untadas com margarina ou óleo. Passe-os no outro ovo (batido com 1 colher de água) e na farinha de rosca, duas vezes. Frite em óleo bem quente. Dá uns 30 croquetes.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Happy Birthday, Cristina

Minha mais recente amiga, Cristina Fonseca, aniversaria hoje. Uma Figura bonita, inteligente e sensível que, realmente, acrescenta algo de positivo nesse mundo atual, tão carente de solidariedade e afetividade.
Filha, como não moravos na mesma cidade, não posso presentear-te com meu bolo de aniversário mas, anote ai a receita do bolo que fiz no domingo para a festa de minha nora. Dá tempo de vc fazê-lo, ainda. (rsrsrs)
Grande abraço e que você seja abençoada por Deus, hoje e sempre.
Bolo de Chocolate: 5 ovos; 2 xícaras de açúcar; 2 xícaras de farinha de trigo; 1 xícara de leite; 1 colher (sobremesa) bem cheia de pó Royal; 2 colheres (sopa) de margarina; 2 colheres (sopa) de chocolate do padre (se for Nescau, ponha uma colher a mais).
Recheio: 1 lata de leite condensado; a mesma lata cheia de leite comum; 1 pacote grande (ou um fruto) de coco ralado; 2 gemas; 1 colher (café) de rum ou baunilha. Desmanchar as gemas no leite frio e levar tudo ao fogo, até soltar do fundo da panela.
De vc preferir um bolo branco, segue a receita:
Bolo Branco: 5 ovos (claras em neve); 2 xícaras de açúcar; 2 xícaras de farinha de trigo; 1 xícara de água (não muito cheia) e 1 colher (sobremesa) de pó Royal.
Recheio: 1 lata de leite condensado cozido e 250 gramas de nozes moídas.
Cobertura de chocolate: 1 xícara de água; 1 xícara de açúcar; 1 colher (sopa) bem cheia de margarina; 1 colher (sopa) de maizena; 2 colheres (sopa) de chocolate em pó. A maizena deve ser desmanchada na água ainda fria. Levar ao fogo até desgrudar do fundo da panela. Se for para cobrir duas formas, dobre a receita, diminuindo 1 das colheres de chocolate.

Grande abraço e ...FELIZ ANIVERSÁRIO!!!!

segunda-feira, 8 de março de 2010

"A DAIDE"

Meu amigo João Paulo falou sobre a saudosa cantora Nora Ney, hoje, em seu Blog "CELULOIDE SECRETO, OU OUTRO VIÉS!..." daí entao, lebrei-me de uma crônica que escrevi, por ocasião do falecimento de minha querida irmã, em OUT/2008. Apesar de melancólica, vou postá-la aqui para vocês, meus amigos.

"Vamos Falar de saudade, que eu hoje estou prá chorar...”

Assim cantava Nora Ney, grande sucesso do final dos anos 50 e inicio dos 60.

E é dessa época que me vem as melhores lembranças de minha querida irmã, Maria Adelaide, cuja vida, na semana passada, foi tragicamente ceifada sob as rodas de um veículo qualquer.

Lembro-me dela cuidando de nós, seus irmãozinhos mais novos, de uma forma extremamente carinhosa e alegre. Sempre cantando e sorrindo, dando-nos o banho diário, penteando nossos cabelos, vestindo-nos e levando-nos à Igreja ou para passeios.

Recordo, nitidamente, o dia em que me levou ao “Foto 5 minutos” para “tirarmos” o retrato que ilustra esta crônica. Para frustrar sua intenção, eu peguei uma tesoura e cortei um pedaço de minha franja (reparem o detalhe na foto), mas não houve desculpas e fui contrariado. Saí de cara feia, ainda mais por que ela não quis comprar-me um sorvete, alegando que poderia sujar a camisa nova: _Só depois da foto!

Lá em casa, era chamada de “Maria Força e Luz” e ganhou esse apelido após ter subido em um banquinho para tentar consertar uma luminária da cozinha. Levou o maior choque, estatelando-se no chão, sob a vaia de todos os irmãos.

Após a adolescência, seus problemas começaram: Acometida de uma enfermidade auditiva, sofreu muito com as dores e seqüelas das cirurgias pelas quais passou. Casou-se com o único namorado que teve, separou-se ainda nova e voltou para casa com os três filhos pequenos, já com os transtornos que a atormentaram por muitos anos e que tanto fizeram sofrer, também a nós, que a amávamos tanto.

Não obstante seus males, os quais, muitas vezes, deixavam-na alienada da própria existência, era um ser humano maravilhoso e bondoso a ponto de doar tudo o que tinha para os mais necessitados. Fazia visitas diárias aos asilos, velórios, enfermos e amigos. Pela cidade toda, levava a alegria de seu grande coração.

Sua religiosidade não tinha nada das convenções impostas e professava a espiritualidade de uma maneira própria e eclética, freqüentando, com a mesma fé, tanto as igrejas católicas como as evangélicas ou espiritualistas. Onde tinha hinos e orações, a Daide estava presente!

Foi, nesta vida, uma presença marcante para nós e para seus amigos, e creio que sua missão maior foi cumprida: três filhos e netos, exemplares e honrados, que nos deixou para engrandecer ainda mais seu nome e suas lembranças.

Em fim; ela não nos abandonou...apenas foi na frente!

Perdoem-me os leitores mas, pelo menos desta vez, não tenho crônicas divertidas para publicar pois só me ocorrem os versos que a Nora Ney cantava...

sábado, 6 de março de 2010

"NA MANGUEIRA COM IRENE"

Minha amiga virtual, Cristina, pediu-me para postar algumas receitas com mangas, fruto de sua paixão. Vou mais longe e apresentar um "causo" muito engraçado relacionado a mangas.

A Irene foi, durante um bom tempo nossa copeira, lá no Banco. Era uma batalhadora e criou os três filhos sozinha. Botou o marido para fora, ao saber que ele tinha outra mulher e a partir daí, não quis mais saber de "bicho homem"

. Quando criança, Irene não gostava de andar com meninas e esse negócio de brincar de casinha ou nanar bonecas não era com ela. Como presente de natal, a mãe confeccionou-lhe uma boneca com um sabugo de milho, saias de palha e colou na cabeça os cabelos do milho cobertos com um lencinho.

Quando as amigas viram aquilo começaram a zombar dela e a vergonha foi tanta que ela jurou nunca mais brincar de bonecas e nem com meninas. Passou a brincar com os moleques, jogando bola, biroscas, apostando corridas, pescando, soltando papagaio e trepando em árvores.

Numa tarde de verão, após ter jogado umas duas partidas de futebol com a molecada, ela chegou em casa morta de sede. Não tinha água na moringa de barro, teria que ir até à mina para beber. Foi então que ela avistou um copo sobre a mesa, cheio de guaraná e num gole só, sorveu todo o líquido. Quando percebeu que aquilo era puro querosene, já era tarde demais.

Quase morreu envenenada e a partir desse dia, passou a ter desmaios e a sofrer convulsões. Sempre que ficava muito agitada ou nervosa, a coitada desmaiava ou tinha ataques. Muitos de seus ataques eram fingidos, para fugir de alguma surra ou repreensão e a mãe nunca tinha certeza se podia bater ou não. Teve uma vez que ela não conseguiu enganar a mãe e foi assim:

Eles moravam numa tapera de um sítio próximo à cidade. A dona da propriedade chamava-se Abadia e criava porcos num cercado enorme que era chamado de “mangueirão”. Além dos chiqueiros, havia várias árvores frutíferas, inclusive umas três ou quatro mangueiras. Aquele local também era utilizado como privada, já que naquele tempo eram poucas as residências que tinham banheiros.

Numa manhã de dezembro, Irene e um amigo estavam trepados numa das árvores, chupando mangas, quando avistaram a dona do sítio agachada, segurando as saias, a fazer xixi. As crianças começaram a jogar caroços do fruto na mulher e um deles acertou bem na bunda branca da velha. A pobre senhora era míope e tentava, sem sucesso, enxergar o autor da arte.

Até que Irene gritou: “Bom dia, Dona Abadia! Ta fritando toicinho!” (quem já fez xixi direto na terra sabe que o barulhinho é idêntico ao frigir do torresmo em óleo quente). E desataram a rir sem parar...

Reconhecida a voz, dessa vez não houve desmaios que a salvassem e Irene apanhou muito. Como conseqüência da diabrura feita, a família toda teve que se mudar do sítio, indo morar num casebre na beira da cidade.


TORTA DE MANGAS:

Ingredientes da massa:- 1 pacote de bolacha leite e mel da nestlé e 100g de margarina.

Ingredientes do creme: - 2 mangas; 1/2 envelope de gelatina sem sabor; 5 colheres (sopa) de água; 1 lata de leite condensado e suco de 1 limão.

Modo de Preparo: Massa: Triturar as bolachas de leite e mel, misturar com a margarina e bater no liquidificador. Forrar uma forma de aro removível.

A massa vai ao forno, até dourar, mais ou menos 15 a 20 minutos (depende do seu forno) e só depois de fria é que coloca-se o recheio e leva-se para a geladeira.

Recheio: Bater no liquidificador a polpa das mangas (300g), o envelope de gelatina sem sabor dissolvido em 5 colheres de água, a lata de leite condensado e o suco de limão. Após jogar sobre a massa já fria.

MOUSSE DE MANGA- Ingredientes: 1 copo de leite; 1 lata de leite condensado; 2 mangas descascadas, e cortadas em cubos; - 1 lata de creme de leite.

Modo de Fazer: No liquidificador bater as mangas com o leite, depois juntar o leite condensado e o creme de leite e bater mais um pouquinho. Colocar num recipiente e levar ao congelador por uma hora… E atacar!!!!