LEIAM MEUS LIVROS

"Crenças e Desavenças" - Editora Baraúna
"Qual será o Sabor da crônica?" - Editora Baraúna
Cada título contém 40 crônicas e pequenos contos de pura alegria com o mesmo número de receitas "que dão certo". Pedidos através:
www.editorabarauna.com.br - www.livrariacultura.com.br - jbgregor@uol.com.br

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A CÍCERA 2ª PARTE

 Gente, como esse povo do sertão gosta de "bater uma prosa"! Conversas sem compromisso, entremeadas de risadas e besteiras. Nada melhor para desopilar o fígado de qualquer cristão estressado.
Infelizmente as pessoas da cidade não sabem mais o que é isso, pois a televisão e a Internet acabaram com tudo o que era  saudável em matéria de relacionamentos.


Um bom papo à luz de uma lamparina à querosene, ou candeeiro à base de carbureto, são coisas de lembranças apenas. _ Não sabem o que vem a ser isso? Azar de vocês...

Naquela noite, em que a mulher dormiu fora, Seu Jerônimo ficou contando causos até altas horas, enquanto comíamos porções de carne seca com paçoca e manteiga da terra.


   Quando a Cícera voltou, no domingo, toda feliz , pois que recebera o "negócio" inteiro do cavalo, ainda fez um almoço para nós. Meio tardio, pois até matar o frango e cozinhar o feijão já era umas quatro da tarde. Mas, valeu a pena: frango refogado com cambuquira de jerimum, farofa, arroz e feijão, depois de duas ou três doses de pinga... divino!


Pelo menos foi esse o adjetivo que meu amigo Ovídio usou para elogiar os dotes culinários da Tia Ciça. De minha parte, comi só a farofa com arroz e feijão, não tocando no frango. Lembrei-mo do primeiro dia, quando chegamos: eu estava faminto e praticamente devorei o frango com pirão que a boa mulher já havia preparado, a nossa espera. 


 Comi tanto que me deu dor de barriga e meio envergonhado, perguntei ao Sr. Jerônimo onde ficava o banheiro.


Foi a mulher quem me respondeu: _Fica logo alí fora, Dr. João... _ ela me julgava importante. _Mostra o cajueiro pra ele, Jerônio! Péga o papér que tá na dispensa...


À caminho do cajueiro, levando algumas folhas de papel de embrulhar pão, eu ouvia, espantado, as instruções de Seu Jerônimo: _O doutor fica de cóqui (cócoras), no gáio mais grosso e gruda as mãos no gáio de cima.


. Enquanto eu seguia para a privada ecológica, percebi que várias galinhas vinham atrás de mim.



 Rapaz... foi um Deus nos acuda! 
Quando me ajeitei nos galhos, resolvi olhar para baixo: a galinhada estava de bicos escancarados, "esperando a morte chegar" e pulando... na tentativa de me acertar. Corri a esconder minhas vergonhas com as mãos e pensei: _ Se um frango desses me leva as bolas no bico, amanhã vai ter futebol na caatinga!!!


 Voltei para a casa, com as folhas de papel intactas e somente tornei ao cajueiro quando já era noite alta. Daí pude observar, sossegado, como é belo o luar do sertão...


E agora...que receita colocar?!
Ia passar uma receita de compota de caju que aprendi em Cuiabá mas, é difícil de explicar. Portanto segue esta receita que é muito boa.


  ARROZ COM CASTANHAS DE CAJU:
3 xícaras (chá) de arroz; 1 xícara (chá) de castanhas de cajú moidas grosseiramente; 4 colheres (sopa) de margarina e 4 colheres de uvas passas pretas, sem caroço.
Cozinhe o arroz normalmente, com água fervente, alho e sal mas, deixe-o bem soltinho. À parte, frite, na manteiga a castanha de caju até ficar crocante (mais ou menos 7 minutos). Acrescente as passas e frite mais um pouquinho (até elas ficarem cheinhas). Misture tudo ao arroz, delicadamente e espalhe cheiro verde por cima.

10 comentários:

  1. Antigamente o banheiro ficava mesmo no curral da galinhas. A fartura era tanta que não consta que alguma vez elas pegassem nas ditas bolas que o sr doutor afirma por suas vergonhas.
    Essa de cagar empoleirado era muita sorte...uai...

    ResponderExcluir
  2. Mas, Luis, as galinhas brasileiras são curiosas , por natureza. Não podem ver coisas penduradas que metem o bico. Lá na roça, era engraçado ver minha avó portuguesa, agachada, com aquela enorme saia e com um galho na mão, espantando as galinhas. "Chicatiça", gritava ela para as penosas! kkk

    ResponderExcluir
  3. Olá João!! Apenas fazendo uma visitinha e checando as suas novidades. Meu abraço com ternura. Bom fim de semana. Lou Moonrise.

    ResponderExcluir
  4. joao, se continua uma figura como sempre... nao mude nunca!!!

    rachei da galinha tentando bica as b...kkk

    abração do carlao de valinhos!!!

    ResponderExcluir
  5. Obrigado Lou! Curto muito teu blog tb.
    Abs

    ResponderExcluir
  6. Carlão: não vou mudar, podes crer!! hahaha
    Abração
    João

    ResponderExcluir
  7. Olá Nadine, andas sumida, hein!!
    abs
    João

    ResponderExcluir
  8. kkkkkkkkkkkkkkk- João, sempre passava minhas férias durante a infância , nos sítios dos meus tios, sei muito bem a conversa boa ,sem pressa dos sertanejos,pois meu saudoso Pai era um.Ficavámos até altas horas, ouvindos causos de lobisomens, aparições, mula sem cabeça,eu tremendo de medo,mas não arredava pé, pois adorava ouvir.
    Ah que saudades as galinhadas, de galinha caipira, o osso é duro de roer, mas o sabor.....Entendo a sua dor de barriga,quando titia Maria servia galinha caipira.Tia Maria ,Cabocla pequenina, que minha altura ultapassava,mas mulher de garra, tipo a tia Ciça,ninguém viesse "bulir" com seu marido e filhos que ela virava onça.
    É querido amigo.... nesta época de internet,sinto muita falta de longas conversas despretensiosas,á luz da lua....ou até da luz elétrica mesmo, as pessoas andam distantes, fechadas.....Bons tempos aqueles!

    ResponderExcluir
  9. Não era bão, Rose!! Tenho muita saudade também e ao mesmo tempo a felicidade de ter essas lembranças.
    Abração

    ResponderExcluir