LEIAM MEUS LIVROS

"Crenças e Desavenças" - Editora Baraúna
"Qual será o Sabor da crônica?" - Editora Baraúna
Cada título contém 40 crônicas e pequenos contos de pura alegria com o mesmo número de receitas "que dão certo". Pedidos através:
www.editorabarauna.com.br - www.livrariacultura.com.br - jbgregor@uol.com.br

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A TIA - 2ª PARTE


  Descobri o nome das três morenas da paineira:  Alzira, Elmira e Elvira. A do meio é a Tia.
No último aniversário do Ciro Ney, nós fizemos Tia Elmira tomar quase uma garrafa inteira de cachaça. Até colamos, no rótulo da bebida, um papel escrito: "da Tia". E ela bebeu... a noite toda! 
Disse-nos que estava chateada pois seu dia havia sido muito complicado, por força das limitações que a idade lhe impunha e pela  incompreensão das pessoas.


Após meia garrafa de cachaça, ela contou-nos a razão de suas mágoas: Naquela manhã ela acordara bem contente, pois iria almoçar na casa do Landão, um antigo amigo. Estranhou o fato de estar sem a dentadura de cima e não se lembrava de tê-la tirado para dormir. 


 Procurou na gaveta do criado mudo, na penteadeira, na pia do banheiro e nada!! Desesperada, ligou para o amigo, mentiu que estava com uma forte enxaqueca e cancelou o almoço: Jamais sairia sem dentadura...
Mais tarde, quando foi arrumar e alisar as cobertas da cama, sentiu algo saliente. 


Era a dentadura que escapara de sua boca, enfiando-se num buraco do velho edredom. Retornou  para o Landão, confirmando sua presença, "já que a enxaqueca havia passado."


 O amigo serviu feijoada e tomaram várias caipirinhas. A sobremesa foi uma espécie de torta de chocolate, chamada Tiramissú, deliciosa mas que, definitivamente, não combina com feijoada e cachaça!
De repente, a dor de barriga apertou... 


Percebendo que a "explosão" seria terrível, não quis usar o banheiro de Landão e foi despedindo-se às pressas. Morava no final da avenida mas, já no começo, sabia que não daria tempo de chegar.
 Pelo meio do caminho, entrou numa loja das Casas Pernambucanas, mas a balconista ruiva, "com unhas de puta", foi categórica:
 _ O toilette é só para funcionários!


Percebendo que não adiantava insistir, branca como os lençóis que a balconista dobrava, Tia Elmira saiu da loja, cambaleante:  _ Meu Deus, não vou aguentar!


  Um pouco mais adiante, ela topou com uma jovem, com roupas de enfermeira que saía de sua casa, com as chaves na mão. Enquanto a moça encostava o portãozinho do corredor, a Tia agarrou seus braços, desesperada: _ Filha, pelo amor de Deus! Deixe-me usar teu banheiro?


_ Ah, larga do meu braço sua velha doida! Eu já estou atrasada e não vou abrir a casa para ninguém... 


A Tia, com as pernas cruzadas e as mãos na barriga, ainda insistiu: _ Por favor, estou quaze fazendo nas calças! A enfermeira respondeu-lhe com a bunda e assim que dobrou a esquina, Tia Elmira empurrou o portãozinho e correu para uma pequena varanda, no fundo do quintal.


Agachou-se e foi aquela pororóca! Sentiu até os pelos dos braços arrepiarem-se de tanto alívio. Como não achou papel, limpou-se com um lençol branco que encontrara no varal. Saindo dalí, retornou à Loja da Pernambucanas e procurou a mesma balconista ruiva que lhe recusara o toillete. 


Pegue para mim dois lençóis brancos, dos mais caros que tiver na loja.


Após a venda, a moça perguntou-lhe: _ A senhora vai usar o crediário?
A Tia, com ar de desdém, respondeu-lhe: _ Não, filha... eu compro com cartões de crédito. Quem usa crediário são as balconistas ou enfermeiras!


Pediu papel e caneta emprestados, escreveu um bilhete e voltou à casa da enfermeira. Olhou para a varanda e riu-se do estrago que aprontara. 
 Estendeu os dois lençóis novos no varal e deixou, preso ao arame, o seguinte recado: 
_ Sou velha, mas honesta!!


Tudo bem, não deveria mas...vou deixar a receita da sobremesa italiana:


  TIRAMISSU: 4 ovos; 4 colheres de açúcar; 300 gramas de requeijão firme (mascarpone); 1 lata de creme de leite (sem soro); 1 pacote de biscoito champagne; 1 colher (de chá) de baunilha; 1 colher (sopa) de licor de cacau ou brandy; 1 xícara grande de café e 100 gramas de chocolate meio amargo raspado ou chocolate em pó.
Bater as gemas com o açúcar, adicionar o requeijão, o creme de leite e bater mais. Misturar com as claras em neve, até ficar um creme uniforme. Juntar o licor (ou brandy) ao café, molhando os biscoitos nessa mistura. Forrar uma travessa com os biscoitos molhados e espalhar metade do creme por cima. Dispor outra camada de biscoitos e o resto do creme. Alisar bem e espalhar o chocolate (raspado ou em pó). Levar à geladeira.

10 comentários:

  1. João, mas a tia é honestíssima mesmo, porque meu amigo depois de ser chamada de velha doida,um presentinho mais do que merecido para a enfermeira era um lençol sujo de cocô.rsrsrrsrsr
    Mas é como minha mãe diz: bofetada com luva de pelica.

    Abraçoooo

    ResponderExcluir
  2. ah ,um dia faço tiramissú, já anotei a receita, mas nunca com feijoaadaaaa.kkkkkk

    ResponderExcluir
  3. Caro amigo João!
    Ché, será que a tia Elmira é parente da minha amiga, a Dona Miquelina!
    Caloroso abraço! Saudações aliviadas!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

    ResponderExcluir
  4. Oi Rose!
    Sabe que eu não gosto de tiramissú!!!
    Abração

    ResponderExcluir
  5. Teacher!
    Essa Tia vc já conhecia, né?
    Abs
    JB

    ResponderExcluir
  6. Eu to com saudade de você.

    ResponderExcluir
  7. Hahaha... adoro suas histórias e receitas!!!


    Beijos =)

    ResponderExcluir
  8. Olá, Thaís! Como vai a vida?
    Abraços, minha amiga!

    ResponderExcluir
  9. Oi, Nadine!
    Agradeço, de coração!
    forte abraço

    ResponderExcluir