Ali pelos meus dezesseis ou dezessete anos, fui crooner de um conjunto musical (hoje seria Banda); eu e minha prima, Neuzinha. Enquanto ela dava conta dos sambas e jovem guarda, eu "encantava as plateias" com músicas românticas: boleros, italianas, francesas, americanas, etc... Calças "boca de sino", sapato plataforma, paletó xadrez e a camisa aberta, deixando à mostra uma enorme relógio roskofp, pendurado numa corrente.
Carros-chefes de meu repertório eram as canções "The End" do intérprete norte americano Earl Grant e o grande sucesso do início dos anos setenta "F Comme Femme" que um tal de Adamo, cantor ítalo/belga, consagrou aqui no Brasil e depois sumiu do mapa.
A música "The End" era fácil de cantar e quando eu começava a primeira estrofe: At the end of a raimbow, you'll find a pot of gold..., o baile parava e o povo aplaudia muito (será que eu era tão bom assim, mesmo?!).
No início, batizamos o conjunto de "Tributo ao Ritmo", mas minha prima achou o nome muito comprido e buscou no dicionário um sinônimo para tributo e encontrou... "Apanágio". Como a gente era muito goiaba (termo da época), adotamos o novo nome e ainda colocamos no plural _ "Os Apanágios". Bem mais tarde, descobrimos que ela, ao invés de buscar por tributo,procurou a palavra atributo.
Fazíamos muitos bailes pelo interior de São paulo e Minas Gerais. Nosso veículo era uma perua Kombi que o pai do Serginho, o baterista, usava para transportar latões de leite, durante a semana. Era um aperto danado com caixas de som enormes, microfones, pedestal de partituras, bateria, guitarras e seis "músicos". Ainda por cima, tínhamos que aguentar o cheiro de leite azedo e a fumaça do baseado que o Serginho não tirava da boca. Chegávamos ao destino completamente zonzos e enjoados. Nem podíamos reclamar pois ele era dono da Kombi.
Mas era divertido...Uma noite, fizemos um baile em um pequeno clube, na cidade de Ourinhos. Era ambiente familiar e os pais acompanhavam as filhas, para que elas não bebessem ou se esfregassem demais nos rapazes. Lá pelo meio da noite, eu e minha prima começamos a cantar uma música francesa, revolucionária e de grande sucesso na época, o "Je T'Aime". Na interpretação, era necessário um casal que, com gemidos e sussurros, simulavam o ato sexual.
Foi um Deus nos acuda... os pais começaram a retirar as donzelas do salão e as luzes foram acesas. O diretor do clube acabou com o baile e fomos despedidos, sem ao menos recebermos o cachê!
A "promissora" carreira de crooner foi interrompida pela Cidinha, paixão de minha adolescência. Assim que começamos a namorar ela impôs a condição: _ Só fico com você se parar de cantar e viajar! Mesmo assim, ainda insisti por algum tempo e numa noite, deixei-a na mesa, sozinha, e subi ao palco para cantar sua canção preferida: "F Comme Femme" Eu era miope de vários graus mas, quando cantava, costumava retirar aqueles óculos terríveis.
Caprichei na interpretação, olhando para o rumo da mesa onde ela estava, apesar de não conseguir enxergá-la. Ao final, fiquei sabendo que ela fora embora, de carro, com um "amigo" meu. Saí do baile correndo e fui, à pé, até a casa dela. Fiquei lá, esperando que nem bobo, até ao amanhecer quando eles chegaram, dizendo que estavam na feira "comendo pastéis".
Mulher é um bicho danado mesmo!
PASTÉIS DA CIDINHA: 2 xícaras de farinha de trigo; 2 xícaras de queijo ralado; 1/2 xícara de leite; 2 ovos; 1 pitada de sal; 1 colher (bem cheia) de manteiga e 1 colher (chá) de pó royal. Misturar tudo, amassar, esticar a massa, cortar rodelas com o auxílio de um copo ou xícara (depende do tamanho), rechear (com carne moída ou palmito ou camarões) e moldar os pasteizinhos. Fritar em óleo bem quente.
Caro confrade e amigo João!
ResponderExcluirChé!!!!... Acho que já conheço a Lurdinha!!!... Ela não foi aquela sua namorada que era devota fervorosa da Ordem das Filhas de Maria sem calcinhas?!...
Caloroso abraço!!!!... Saudações angelicais!!!...
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema
KKK, é a própria...Linda de morrer! Quer dizer há 40 anos atrás...
ResponderExcluirJB
Caros Joões...
ResponderExcluirvcs são de lascar.rssss
Essa Lourdinha apesar de miope, enxergava até demais. Largou o namorado cantando sózinho e se mandou com o amigo dele, que estava mais à mão..
Pois é, quem não dá assistência...
Mas eram bons demais esse bailinhos..
O míope era eu!!! Mas eu estava naquela:"O pior cego é aquele que não quer enxergar..."
ResponderExcluirAhhhhhh. Então a cega sou eu!! e ainda por cima errei o nome da Lurdinha.
ResponderExcluirÉ que confundi com o nome da minha irmã Lourdes,que de comum com a sua, só tem o gosto pelos pastéis...
bjinsss
Pois é... a minha era das mais caipiras: "LUrdinha mesmo!!!
ResponderExcluirABS
Joao