LEIAM MEUS LIVROS

"Crenças e Desavenças" - Editora Baraúna
"Qual será o Sabor da crônica?" - Editora Baraúna
Cada título contém 40 crônicas e pequenos contos de pura alegria com o mesmo número de receitas "que dão certo". Pedidos através:
www.editorabarauna.com.br - www.livrariacultura.com.br - jbgregor@uol.com.br

sábado, 20 de março de 2010

"O CROONER"

Ali pelos meus dezesseis ou dezessete anos, fui crooner de um conjunto musical (hoje seria Banda); eu e minha prima, Neuzinha. Enquanto ela dava conta dos sambas e jovem guarda, eu "encantava as plateias" com músicas românticas: boleros, italianas, francesas, americanas, etc... Calças "boca de sino", sapato plataforma, paletó xadrez e a camisa aberta, deixando à mostra uma enorme relógio roskofp, pendurado numa corrente.

Carros-chefes de meu repertório eram as canções "The End" do intérprete norte americano Earl Grant e o grande sucesso do início dos anos setenta "F Comme Femme" que um tal de Adamo, cantor ítalo/belga, consagrou aqui no Brasil e depois sumiu do mapa.

A música "The End" era fácil de cantar e quando eu começava a primeira estrofe: At the end of a raimbow, you'll find a pot of gold..., o baile parava e o povo aplaudia muito (será que eu era tão bom assim, mesmo?!).

No início, batizamos o conjunto de "Tributo ao Ritmo", mas minha prima achou o nome muito comprido e buscou no dicionário um sinônimo para tributo e encontrou... "Apanágio". Como a gente era muito goiaba (termo da época), adotamos o novo nome e ainda colocamos no plural _ "Os Apanágios". Bem mais tarde, descobrimos que ela, ao invés de buscar por tributo,procurou a palavra atributo.

Fazíamos muitos bailes pelo interior de São paulo e Minas Gerais. Nosso veículo era uma perua Kombi que o pai do Serginho, o baterista, usava para transportar latões de leite, durante a semana. Era um aperto danado com caixas de som enormes, microfones, pedestal de partituras, bateria, guitarras e seis "músicos". Ainda por cima, tínhamos que aguentar o cheiro de leite azedo e a fumaça do baseado que o Serginho não tirava da boca. Chegávamos ao destino completamente zonzos e enjoados. Nem podíamos reclamar pois ele era dono da Kombi.

Mas era divertido...Uma noite, fizemos um baile em um pequeno clube, na cidade de Ourinhos. Era ambiente familiar e os pais acompanhavam as filhas, para que elas não bebessem ou se esfregassem demais nos rapazes. Lá pelo meio da noite, eu e minha prima começamos a cantar uma música francesa, revolucionária e de grande sucesso na época, o "Je T'Aime". Na interpretação, era necessário um casal que, com gemidos e sussurros, simulavam o ato sexual.

Foi um Deus nos acuda... os pais começaram a retirar as donzelas do salão e as luzes foram acesas. O diretor do clube acabou com o baile e fomos despedidos, sem ao menos recebermos o cachê!

Ver imagem em tamanho grande A "promissora" carreira de crooner foi interrompida pela Cidinha, paixão de minha adolescência. Assim que começamos a namorar ela impôs a condição: _ Só fico com você se parar de cantar e viajar! Mesmo assim, ainda insisti por algum tempo e numa noite, deixei-a na mesa, sozinha, e subi ao palco para cantar sua canção preferida: "F Comme Femme" Eu era miope de vários graus mas, quando cantava, costumava retirar aqueles óculos terríveis.

Caprichei na interpretação, olhando para o rumo da mesa onde ela estava, apesar de não conseguir enxergá-la. Ao final, fiquei sabendo que ela fora embora, de carro, com um "amigo" meu. Saí do baile correndo e fui, à pé, até a casa dela. Fiquei lá, esperando que nem bobo, até ao amanhecer quando eles chegaram, dizendo que estavam na feira "comendo pastéis".

Mulher é um bicho danado mesmo!

PASTÉIS DA CIDINHA: 2 xícaras de farinha de trigo; 2 xícaras de queijo ralado; 1/2 xícara de leite; 2 ovos; 1 pitada de sal; 1 colher (bem cheia) de manteiga e 1 colher (chá) de pó royal. Misturar tudo, amassar, esticar a massa, cortar rodelas com o auxílio de um copo ou xícara (depende do tamanho), rechear (com carne moída ou palmito ou camarões) e moldar os pasteizinhos. Fritar em óleo bem quente.

6 comentários:

  1. Caro confrade e amigo João!
    Ché!!!!... Acho que já conheço a Lurdinha!!!... Ela não foi aquela sua namorada que era devota fervorosa da Ordem das Filhas de Maria sem calcinhas?!...
    Caloroso abraço!!!!... Saudações angelicais!!!...
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema

    ResponderExcluir
  2. KKK, é a própria...Linda de morrer! Quer dizer há 40 anos atrás...
    JB

    ResponderExcluir
  3. Caros Joões...
    vcs são de lascar.rssss
    Essa Lourdinha apesar de miope, enxergava até demais. Largou o namorado cantando sózinho e se mandou com o amigo dele, que estava mais à mão..
    Pois é, quem não dá assistência...
    Mas eram bons demais esse bailinhos..

    ResponderExcluir
  4. O míope era eu!!! Mas eu estava naquela:"O pior cego é aquele que não quer enxergar..."

    ResponderExcluir
  5. Ahhhhhh. Então a cega sou eu!! e ainda por cima errei o nome da Lurdinha.
    É que confundi com o nome da minha irmã Lourdes,que de comum com a sua, só tem o gosto pelos pastéis...
    bjinsss

    ResponderExcluir
  6. Pois é... a minha era das mais caipiras: "LUrdinha mesmo!!!
    ABS
    Joao

    ResponderExcluir