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domingo, 23 de janeiro de 2011

O "Seu"Guerino

 É interessante a gente perceber como nossa memória é uma caixa de mágicos, sem fundos! Começo a falar sobre um personagem de minha vida e as lembranças vão despertando, devagar...cheias da poeira do tempo e de repente, as imagens catalépticas tornam-se nítidas e bem vivas em minha mente. 
Segue, portanto, mais uma crônica sobre Dona Rosa "Bolacha", muito engraçada e que vale a pena registrar:
 Dona Rosa “Bolacha” era hipertensa e sempre que tinha algum contratempo, passava mal; sua pressão batia na casa dos 20 e ela ficava quase roxa, com tremeliques e suando em bicas. Muitas vezes as vizinhas tinham que acudi-la, esfregando álcool em seus pulsos ou enfiando-a numa tina de água fria. Naquele sábado dos cabritinhos (vide post abaixo), quase matamos a velha...

     Pois é, seu marido chamava-se  Guerino e era paraplégico. Ficava o dia todo, por debaixo do caramanchão de primaveras, mastigando amendoins e fumando um charuto atrás do outro, em sua cadeira de rodas. Debruçado na cerca baixa, de madeira ele conversava com todo mundo que por ali passava. Com o tempo, descobri que na verdade, ele recolhia o “jogo do bicho” para repassar ao bicheiro do bairro.


  O casal de velhos tivera 11 filhos e a mais nova era a mãe do Amaral, meu amigo, que morava numa casa dos fundos. Às vezes eu ficava imaginando como conseguiram fazer tantos filhos com as limitações físicas de “seu” Guerino... da mão de obra e malabarismos que Dona Rosa deve ter feito para engravidar-se tantas vezes!

 Tinham um cachorro, destes “luluzinhos”, chamado “Whisky”, de rabo enrolado para cima com o “fiofó” à mostra e um macaco “prego”, daqueles bem sem vergonhas, de cognome “Chico” (como todo macaquinho). 
Os dois animais ficavam ali, em volta de "seu" Guerino, brincando na maior amizade. “Chico” adorava os amendoins e sempre que seu dono jogava amendoíns ou o toco do charuto aceso no chão, ele descia da primavera, comia o amendoím, catava a bituca de fumo e terminava de fumar. Era a atração do jardim.

 Certa tarde, porém, essa amizade canino-simiesca, quase humana, acabou-se de uma forma tragicômica: “Whisky” cochilava, tranqüilamente, no colo do dono quando o macaquinho desceu da primavera para pegar mais um toco do charuto do seu Guerino. Deu algumas puxadas no fumo e acercou-se da cadeira, bem de mansinho... Ergueu o rabinho do cachorro e socou, sem dó, a brasa ardente no “fiofó” do amiguinho.

Num uivo desesperado, o pobre animal deu um salto tão grande que fez “seu” Guerino desequilibrar-se da cadeira e rolar pelo chão. Dona Rosa, que estava placidamente debruçada na janela da pequena varanda, acorreu desesperada, com as mãos no peito e prestes a ter um ataque apoplético. Foi aquela anarquia, com a velha gritando, o cachorro uivando e o macaquinho guinchando, assustado com tanto barulho.

 Naquele tempo não existia a pomada hipoglos e então, por um bom tempo, eles emplastavam o “fiofó” do cãozinho com maizena umedecida em mel, para refrescar.

Já que falei em amendoins: anotem a receita de uma torta deliciosa:

 TORTA DE AMENDOÍNS: 1 xícara (chá) de açúcar; 2 colheres (sopa) de manteiga; 2 gemas; 2 latas de creme de leite; 2 pacotes de bolachas maisena; 300 gramas de amendoins torrados e moídos. Para umedecer as bolachas, misture numa xícara de leite, 2 colheres de Nescau e 2 colheres de açúcar.

Bata as gemas com o açúcar e a manteiga. Juntar o creme de leite e bater mais; acrescentar o amendoim, misturando bem. Umedecer as bolachas na mistura de Nescau. Forrar um pirex com as bolachas e alternar camadas de bolachas e de creme (a última camada é de creme). Levar à geladeira.

3 comentários:

  1. Caro amigo João!
    Ché, será que foi mesmo o macaquinho que fez esta maldade doloríssima contra o "Whisky"?!... Está me parecendo mais uma das peraltices do amiguinho do Amaral, que morava em frente, que por sinal é meu contemporâneo e fã ardoroso da Sarita Montiel, tem um sítio cinematográfico e é um quituteiro supimpa!!!!... Quem será este menimo sapeca e levado da breca?!...
    Max!!!!... Traga meus sais centuplicado!!!!...
    Caloroso abraço! Saudações angelicais!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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  2. Teacher, era peralta mas não era maldoso. Não tinha coragem nem de matar pardais e rolinhas com estilingue!! Apenas fabricava as bolinhas de barro queimado para meus irmãos usarem no estilingue..kkk
    JB

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  3. Olá João...
    Só podia ser mesmo o macaco para fazer uma maldade dessas com o pobre cãozinho. Fica mais uma vez provada a teoria de Darwin.
    Pobrezinho do Whisk, imagino a dor que sentiu no fiofó!!
    bjoss

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