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sexta-feira, 24 de junho de 2011

O TERÇO DE SÃO JOÃO


 Hoje é dia de São João! Não sei se é o São João Batista ou o São João Evangelista. Acho que é o "Batista" pois me lembro de uma passagem do Evangelho afirmando que Santa Isabel (mãe de S. João) acendeu uma fogueira num monte bem alto para avisar sua prima, a Virgem Maria, de que seu filho, João Batista, havia nascido. Por isso, em sua festa, acendem-se muitas fogueiras.

Existem, ainda, outras versões sobre as fogueiras, relacionadas às festas pagãs, mas prefiro acreditar nesta, já que também me chamo João, um nome curto, forte e honesto. Nasci, na verdade, às vésperas do dia de Santo Antônio e como já tinha um irmão chamado Antônio, graças a Deus, safei-me de ser chamado de Tonho ou Tunico.

Sempre gostei de fazer festas juninas, terços, quadrilhas, fogueiras, bailes, etc... tendo organizado muitas dessas festas. A que mais marcou em minha lembrança foi aquela feita na fazenda de um amigo, perto de Passos/MG, no município chamado São João do Glória - ou seja: prá lá do fiofó de Judas!

Contratamos um casal de rezadores (ele com a sanfona e ela com o terço e a imagem do santo) e enfeitamos um carro de boi com bambus e bandeirolas, o qual serviu para carregar os noivos, padrinhos, padre e coroinha.

Montamos um altar com o santo e começamos a rezar o terço; era um terço cantado à moda antiga e enquanto seguíamos com as orações, a sanfona nos acompanhava naquele tom monocórdio:...”glória seja o Pai, glória seja o Filho, glória o Espírito Santo e teu amor também...“

Nós, ajoelhados, não víamos o que acontecia lá atrás, onde o povo mandava ver no quentão, pinga e vinho quente.

De repente, o rezador parou com a sanfona e puxou a mulher: "-Vâmbóra, o povo daqui não arrespeita nada!" Olhei para trás e vi o Dérso, meu amigo, com uma enorme cenoura saindo pela braguilha da calça e ameaçando as mulheres. Pedi para sua esposa levá-lo para o quarto e convenci o homem a continuar com o nhéc...nhéc da sanfona.
Lá para o meio da reza, outro incidente interrompeu de vez o terço: Os moleques que brincavam em volta da fogueira, resolveram amarrar nos rabos dos cachorros da fazenda, vários fios de barbantes com bombinhas e busca-pés acesos.

Os pobres animais, endoidecidos com os estouros e faíscas, foram esconder-se por debaixo do altar improvisado, ganindo de dor. O casal de rezadô enfiou a sanfona no saco e se mandou. Coube a mim terminar de puxar o terço, já que o meu amigo fizera a promessa de realizá-lo por sete anos seguidos...

Seguem duas receitas características para o evento, as quais eu faço há mais de vinte anos:

QUENTÃO (OU GROGUE): 1 litro de pinga ou vinho tinto seco; 3 limões cortados em rodelas; 2 copos de água; 6 cravos da Índia; 50 gramas de gengibre picado; 3 paus de canela e açúcar a gosto. Ferver tudo em um caldeirão. Deixar em fogo baixo enquanto for servindo, em pequenas xícaras, pois se deve apreciá-lo bem quente.
CURAU DE MILHO VERDE: 8 espigas de milho verde; 1 litro de leite; 1 colher (cheia) de manteiga; 1 pitada de sal (meia colherzinha das de café); açúcar a gosto (menos de meio quilo).

Cortar os grãos com uma faca afiada e batê-los, aos poucos, no liquidificador, com o leite. Passar essa mistura numa peneira fina, espremendo bem até tirar todo o caldo (jogar o bagaço fora). Numa panela grande, misturar o caldo com a manteiga, o sal e o açúcar. Levar ao fogo, mexendo sem parar até engrossar bem.

Despejar num pirex grande, salpicar com canela em pó e deixar esfriar. Guardar na geladeira.

8 comentários:

  1. grande jão!!

    agora sou eu q to meio sumido... to de mudança e ta corrido... mas passei pra te manda um abraço..

    e so fâ de comida junina.. inda mais de quentao!! vo tenta faze eu mesmo com sua receita.

    abraço do carlao de valinhos!

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  2. Olá Carlão, obrigado pelo abraço.
    Com esse frio que tá hj, só com quentão mesmo!
    A quantidade de água é que determina se o a bebida será mais forte ou mais fraca.
    Abraços
    João

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  3. Oi João, estava sumida, férias forçadas, pelo tempo curto ,mas agora estou de volta, e me deliciando com seus contos, aqui em Salvador o curau se chama canjica e a canjica mungunzá ,que aliás Mainha faz divinamente.

    Abraço amigo.

    www.mundodosabor.blogspot.com

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  4. E o que vem a ser o curau na Bahia?
    Certa vez, fui a uma festa de SJoão em Belém do Pará e fiz a maior confusão com esses quitutes.rsr
    Abs, amiga!

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  5. João ,agora você me pegou,porque curau aqui não tem não.rsrsrsr
    O aipim mesmo ,tem diversos nomes,: mandioca,macaxeira, a abóbora é jerimum, se for enumerá-los ,levo a noite toda e emendo a madrugada....

    Abç

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  6. Caro amigo João!
    A minha amiga, a Dona Miquelina, pediu para perguntar se você continuou a desfiar o Santo Rosário exatamente de onde o rezador parou...
    Caloroso abraço! Saudações marianas!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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  7. Saudações marianas é boa,hein?
    Sinal que vc nem sempre foi um incrédulo!!
    KKKK
    João

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  8. Você esqueceu que já fui um beato zeloso?!...
    De vez em quando tenho uma recaída... KKKK

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