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segunda-feira, 21 de junho de 2010

LA COPA DEL OLVIDO

Tomei amizade com o argentino Gerardo Estéban por ocasião de um intercâmbio universitário. Era o ano de 1977 e os estudantes, uns 15 jovens argentinos, vieram para nossa cidade, hospedando-se na própria faculdade em que eu cursava o 4º ano de Administração..

Eram barulhentos e deram muito trabalho para a turma da Coordenadoria. Não respeitavam nada e tratavam os estudantes brasileiros, seus anfitriões, com o maior descaso.

Eu sempre era chamado para resolver algumas pendências ou para levá-los a algum passeio pela região, já que conhecia muito bem o idioma castelhano.

Meu apelido familiar é "Tista" e para aprontar gozações, eles me chamavam de "Chita", numa clara alusão ao termo "macaquitos" que sempre usam quando se referem aos brasileiros.

Como eu compreendia quase tudo o que eles diziam, passaram a conversar num linguajar diferente e incompreensível. Quando estranhei o fato, disseram-me que era Guarany.

Não demorou muito, porém, para que eu, com muita dificuldade, entendesse que eles falavam ao contrário _ al revés. Assim fiquei sabendo que o tal do Gerardo estava trepando com minha amiga Nicinha e fazia alarde, contando para os amigos todos os detalhes da relação. Eles referiam-se a ela como sendo "Nicinia La Flaca", já que era bem miudinha.

Fiquei muito triste pois eu mesmo já havia cortejado a menina de todas as maneiras e nada conseguira. Achava até que ela era virgem, recatada e aquilo para mim foi decepcionante.

Quando contei para o Gerardo que eu entendia a nova linguagem deles, ficou arrependido e pediu-me silêncio pois, realmente, estava gostando de "La flaca".

Ficamos mais amigos e algumas vezes, até emprestei o carro de meu pai para eles darem uma saidinha (naquele tempo ainda não existiam motéis em minha cidade).

O resultado disso é que após uns 15 dias, os estudantes retornaram a Buenos Aires mas o Gerardo ficou. Hospedei-o em minha casa (ainda era solteiro) e até que foi divertido.

Ver imagem em tamanho grande Ele contou-me que seu irmão tinha uma fábrica de aparelhos cirúrgicos e que trouxera na mala alguns ítens para vender no Brasil. Lembro-me que para pagar a passagem de volta, tive que ajudá-lo a vender vários "aparatos quirúrgicos" para os médicos e clínicas de minha cidade (cada coisa!).

Foi-se embora, prometendo-nos, a mim e à Nicinha, que no ano seguinte, 1978, faria questão de receber-nos em Buenos Aires, por ocasião da Copa Mundial, realizada naquele Pais.

Semanas antes da Copa, eu já estava casado e a Nicinha veio me dizer que iria para Buenos Aires, pela Viação Pluma e que o amado argentino lhe mandaria as passagens rodoviárias. Ainda comentei com ela a respeito da situação caótica e perigosa daquele País, sob a ditadura do cruel e sanguinário Jorge Rafael Vidella: "É melhor pedir ida e volta pois nunca se sabe o que pode acontecer!"

Terminada a Copa e festejos pela conquista, o Gerardo estava cheio da grana e contando bravatas. Rasgou o bilhete de volta que a minha amiga havia comprado: "Agora você retorna é de avião", disse ele.

Na volta ao Brasil ela confidenciou-me que passara um "cagaço" tremendo em Buenos Aires pois ficara todo o tempo confinada em um apartamento no bairro de Belgrano. Não podia assistir a nenhum dos jogos ao vivo e nem conversar com estranhos durante toda a Copa.

Disse-me também que nas vezes em que a Argentia jogava, o Gerardo ficava dois dias em jejum sexual, bebendo uma grande quantidade de água mineral e diuréticos.

Horas antes dos jogos, uma equipe de homens, de aparência sombria e truculenta, vinha buscá-lo e o nosso amigo somente retornava após o término das partidas.

Era tudo muito estranho e de tanto insistir com ele, acabou por saber que o "guapo"era pago para fornecer urina...

Havia a suspeita do uso de anfetaminas por parte dos atletas,os quais eram obrigados a fornecerem amostras de urina ao final de cada partida.Vocês podem não acreditar mas as amostras apresentadas para análise era, na verdade, de nosso amigo e de mais alguns outros, especialmente contratados para aquilo.

Durante uns três a quatro anos depois, ele ainda enviou-nos algumas cartas até que nunca mais recebemos notícias de Gerardo. Mercenário que era, deve ter se enfiado nas refregas da Guerra das Malvinas e por lá ficou, definitivamente.

Ok, como receita vamos de:

BIFE CHORIZO: 1 peça de contra-filé, cortado em postas grossas, na transversal e sal grosso. Salpique dos dois lados com o sal grosso moido e deixe descansar por uns 10 minutos, antes de ir à grelha. Deixe-os numa distância de 15 cm da brasa até grelhar em ambos os lados. Besunte-os com uma mistura de azeite, pimenta e alecrim.Deve ser mal passado, para preservar a suculência e maciez.

4 comentários:

  1. Caro amigo João!
    Estive em Buenos Aires três vezes e pretendo retornar outras vezes, porque a cidade nos encanta com seu charme peculiar. Também estive em Santiago uma vez e fui recebido de braços abertos pelos sempre acolhedores e solícitos chilenos, bem diferente do tratamento rude que me foi dispensado, quando precisei de informações dos portenhos. Sua crônica desvela a falta de civilidade dos argentinos que você conviveu na década de 70.
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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  2. ...Pois é ,o mundo nos olha como gente do terceiro mundo e no entanto quando os belezas vem para a nossa terrinha ,se comportam como animais.Não gosto de certas raças,xonofobia?e hoje dá cadeia ,se não iria enumera-las, e dizer porque,mas eu tenho de gostar e pronto.No dia do meu Aiversário jogou a Costa do Marfim, eu amo a África,e te juro, queria que empatasse, ta na hora dos negros terem seus dias de glória,Me contaram, que o Maradona virou uma espécie de Cristo, criou uma seita e ele é adorado por lá ,você ta sabendo disso?Se for um sim coloque aqui no seu blog essa coisa ridícula,cm direito a fotos e tudo.Comprei 4 bifinhos dará para 4 dias,é tão esquisito ficar sózinha,eu ouço passos,me tranco no quarto com chave e tramelinha,uma coisa.Inté

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  3. Você está me transformando numa gorda.
    Vou la fazer este bifinho para mim.Inté

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  4. Não se esqueça da manteiga e alecrim
    João

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