Nos ultimos anos em Brasília a ditadura não mais existia, porém, imperava a inflação tresloucada. Para dar conta de criar 4 filhos naquela cidade, onde tudo era mais caro, tive que manter uma atividade paralela: vendedor de jóias, das 7 às 12 horas e bancário das 13 às 21 horas.
Trabalhava na matriz do Banco, como assessor de um diretor que só cumpria sua jornada de trabalho nesse horário.
Nas sextas-feiras, tomava um ônibus leito às 23 horas e chegava em São Paulo pela manhã. Daí seguia, ainda de ônibus, até minha cidade natal a fim de prestar contas com a Neuza e renovar os mostruários de jóias. Aproveitava para almoçar com minha mãe e curtir um pouco os parentes, retornando a São Paulo, já à noite.
Numa ocasião, eu perdi o ônibus-leito para Brasília e tive que seguir em outro, convencional. Fui amaldiçoando, pois a viagem era horrível, mais de doze horas espremido naquele calor danado e sem poder dormir.
Quase de madrugada, já no interior de Goiás, o motorista parou na beira da estrada para recolher os passageiros do ônibus que eu havia perdido: Foram assaltados por uma quadrilha de bandidos que levaram tudo o que tinham de valor!
Um dos assaltantes estava como passageiro e os outros dois vinham atrás, em uma caminhonete.
Apesar do sufoco com a superlotação, abracei minha sacola de jóias e agradeci à Providência Divina por ter-me feito perder o primeiro ônibus.
A Partir daí, passei a viajar somente de avião, acrescentando as despesas com passagens no preço das jóias.
Eu era muito abençoado pois em outra ocasião quase me ferrei, também: Vindo de minha cidade, eu costumava tomar o metrô para a Praça da República, onde havia uma agência de ônibus executivos que me levavam até ao aeroporto.
Certa noite, descí naquela praça com duas sacolas iguaizinhas (de lona xadrez verde): uma com vários potes de doces caseiros, que minha mãe sempre fazia para a gente e a outra com as jóias.
Nisso, fui abordado por dois pivetes "estiletados" pedindo minhas maletas. Olhei para os estiletes, pensei nas jóias que nem eram minhas e... saí correndo, gritando... Coisa de doido!
Uma das maletas foi arrancada de meus ombros e adivinhem qual foi?
O ladrãozinho deve estar comendo o doce de figos de minha mãe até hoje e eu, burro, não sei como ainda estou vivo!
Mas toda essa estória para passar para vocês a receita do Arroz com Castanhas e Uvas Passas, a qual me foi dada por Neusa Farid, minha amiga fornecedora das jóias.
ARROZ COM CASTANHAS E UVAS PASSAS: Refogar em duas colheres de manteiga, dois dentes de alho em rodelas, 50 gramas de uvas passas pretas e 1 xícara (chá) de castanhas de caju torradas e moídas. Juntar 1 xícara (chá) de arroz, acrescentar água fervente suficiente (mais ou menos dois dedos acima do arroz) e sal, deixando cozinhar em fogo baixo. Quando estiver quase pronto, espalhar salsinha picada por cima e abafar a panela. Servir quente.
Caro amigo João!
ResponderExcluirEste conto me fez refletir como o acaso às vezes pode nos beneficiar!
Caloroso abraço! Saudações fortuitas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
hahahaha
ResponderExcluireu ri ao imaginar os pivetes comendo o seu doce!
hahaha
ótimo post.!
Tomara que tivessem amargado uma diarreia daquelas!!
ResponderExcluirAbs
João
Bom, não acredito no acaso mas, vai lá... rsrs
ResponderExcluirForte abraço, teacher!
João
Tá ai um espaço bem bacana!!
ResponderExcluirhttp://manunatureza.blogspot.com/
Oi, Manuella, agradeço tua visita e adorei conhecer o teu blog tb.
ResponderExcluirAbs
João